Derrota do Grêmio para o Atlético-GO deixou o Tricolor gaúcho em situação vulnerável a 10 rodadas do fim do Brasileiro. Quais as chances de rebaixamento?
A 28ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro encerrou na última segunda-feira (25), com duas partidas, uma delas envolvendo Atlético Goianiense e Grêmio. O Tricolor Gaúcho foi até Goiânia sonhando com a vitória para alcançar o mesmo número de pontos (29) do Santos (17º colocado), primeiro da zona de rebaixamento, e, também, do Juventude (16º colocado), que é o primeiro time fora da zona de rebaixamento, com as 28 rodadas disputadas. Vale destacar que o Grêmio tem duas partidas atrasadas para fazer e teria grandes chances de respirar fora do Z-4 em um futuro próximo e até ganhar mais algumas posições na tabela de classificação. Além disso, o próprio Atlético Goianiense, que estava 5 pontos distante da zona de rebaixamento, poderia se tornar um adversário direto na luta contra a parte mais baixa da tabela de classificação. No entanto, a partida contra o Grêmio deixou clara a razão de o Dragão Goianiense estar, no alto da 28ª rodada do Brasileirão, firme na busca por uma vaga na próxima Copa Sul-Americana e até relativamente próximo de alcançar um lugar na Libertadores de 2022. O time goianiense vinha de uma vitória sobre o Atlético Mineiro, que acabou com uma série de quase 20 jogos sem derrota do atual líder do Brasileirão, e estava motivado para conseguir mais um resultado importante ao lado de sua torcida. Apesar disso, viu o Grêmio controlar a partida durante praticamente todo o primeiro tempo. Abusando do lado direito do campo, por onde cai Douglas Costa, o Grêmio conseguiu criar algumas boas jogadas e levar perigo à meta de Fernando Miguel, mas se mostrou um time desesperado. A ansiedade para vencer e somar pontos para ficar mais próximo de deixar a zona de rebaixamento foi importante para dar dinâmica ao time comandado por Vagner Mancini, mas faltou frieza para concluir as jogadas. Como se não bastasse, a perna pesou. Na reta final do primeiro tempo, o Grêmio inevitavelmente diminuiu o ritmo e recuou as linhas de defesa. Com espaço para pensar a jogada, já aos 44 minutos da etapa inicial, Éder Ferreira acertou belo lançamento para Igor Cariús, que apareceu nas costas de Vanderson e bateu na saída do goleiro Brenno para abrir o placar em favor do Atlético Goianiense. Depois de sofrer o gol, o Grêmio se perdeu completamente na partida. Nem mesmo o intervalo foi suficiente para que o técnico Vagner Mancini reestruturasse a confiança de seu time. O retrato do desequilíbrio gremista foi quando, aos 20 minutos do segundo tempo, André Luiz girou sobre a marcação de Paulo Miranda na área e foi puxado pelo zagueiro. Com auxílio do VAR, o árbitro Caio Max Augusto Vieira marcou a penalidade e expulsou Paulo Miranda. Na cobrança, Marlon Freitas decretou: Atlético Goianiense 2 x 0 Grêmio.
O que o Grêmio precisa fazer para evitar mais uma queda para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro?
A situação do Grêmio é melancólica. Depois de praticamente uma década jogando no mais alto nível do futebol brasileiro e, inclusive, sul-americano, a qualidade do Grêmio despencou mesmo com um bom investimento e nomes importantes dentro do elenco. Oras, o time que no começo da temporada era comandado por Tiago Nunes, depois Felipão e, nas últimas duas rodadas, por Vagner Mancini, ainda conta com campeões nacionais e continentais como os zagueiros Kannemann e Geromel (que sofre com sucessivas lesões), Bruno Cortez (praticamente já descartado pelo clube) e o atacante Alisson, isso sem mencionar os recém-contratados: Rafinha, Diego Souza, Douglas Costa e Borja, entre outros. Então, qual a razão de o Grêmio não funcionar? O Tricolor Gaúcho passa por um momento semelhante ao vivido pelo Cruzeiro em seu último ano na Série A. Não significa dizer que o Grêmio vai se afundar em dívidas e permanecer na Série B por anos e anos, mas, sim, que está tomando o caminho para disputar a segunda divisão nacional no ano que vem. Em análise restrita à última partida do time de Vagner Mancini, algumas lições podem ser retiradas. Primeiro a falta que faz Pedro Geromel, que aos 36 anos não suporta o ritmo de uma temporada exaustiva e, talvez por falta de cuidado, esteve presente em apenas 24 das 60 partidas disputadas pelo clube gaúcho. A ausência de um jogador de tal importância, diga-se de passagem, evidentemente não pôde ser suprida pelo jovem Ruan, ou por Rodrigues e tampouco pelo experiente Paulo Miranda, que deixou a desejar. Além disso, com nomes como Victor Ferraz, Diogo Barbosa e o próprio Bruno Cortez, Rafinha está sendo improvisado na lateral-esquerda para o jovem e até promissor Vanderson se manter intocável na lateral-direita. Ao longo do ano, ainda, o Grêmio teve de lidar com a troca quase completa do seu meio de campo, que perdeu Maicon, César Pinares, Thaciano e Matheus Henrique. No setor ofensivo, mesmo com Ferreirinha voando desde o início da temporada e Douglas Costa conseguindo se manter atuante, além de Diego Souza e Miguel Borja serem dois atletas desejados por muitos clubes, sem se falar em Alisson, Luiz Fernando, Éverton e o argentino Diego Churín, o Grêmio encontra dificuldade para ir às redes. Uma coisa, porém, é fato: o Grêmio não é time para estar na penúltima posição da tabela e Vagner Mancini tem o que precisa para reverter a situação, mas algo deve ser mudado. Além do técnico, alguém dentro do elenco precisa chamar a responsabilidade. Não Rafinha, recém-chegado, ou mesmo Douglas Costa, mas Kannemann, Geromel ou até mesmo Bruno Cortez precisam se posicionar, exigir dos companheiros, correr pela torcida e mostrar, dentro e fora de campo, que não quer fazer parte de um elenco que tinha tudo para ser vencedor, mas se tornou um fracasso, uma vergonha. Caso contrário, dificilmente o Grêmio vai se recuperar, até porque os próximos jogos vão ser difíceis. Na semana que vem o time gaúcho enfrenta o Palmeiras em casa, depois visita o Atlético Mineiro em Belo Horizonte e, como se não bastasse, faz clássico com o Internacional no Beira-Rio na sequência. Ao menos pelos matemáticos, as chances de rebaixamento do Grêmio já superam os 50%, mas, como qualquer fã de futebol sabe, é dentro das 4 linhas que tudo se define, e qualquer coisa pode acontecer quando a partida envolve 11 contra 11.