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Real e Barcelona “usam” paralisação para planejar futuro  

Paralisação afeta totalmente nos cofres dos clubes.

No Cam Nou, Barcelona e Real não saíram do zero no clássico pelo primeiro turno do Espanhol (Foto: reprodução/ site do Barcelona)

Com as competições de futebol sendo paralisadas em quase todos os lugares do mundo por conta da pandemia do coronavírus, os cofres dos clubes, dos mais ricos aos menos afortunados, deixaram de receber receitas importantes e, em alguns casos, fundamentais. Por conta disso, as equipes se veem encurraladas: por um lado, não arrecadam os valores que eram esperados na temporada, mas seguem com o dever de arcar, no mínimo, com o salário de seus atletas e funcionários. Foi pensando nisso que, na última quinta-feira (26), a Fifa se reuniu, por videoconferência, com a Associação de Clubes Europeus (ECA) e a Federação Internacional de jogadores Profissionais (FIFPro). O principal debate da reunião girou em torno, exatamente, de como as entidades de futebol, desde as federações até os jogadores e técnicos, poderiam amenizar os efeitos da crise provocada pela paralisação das competições. Foi determinado, então, que jogadores e técnicos negociem uma considerável redução em seus salários (algo em torno de 50%) enquanto perdurar a pandemia.

Barcelona vai atrás das medidas cabíveis para vencer a crise

Pelo menos a princípio, Barcelona e Real Madrid tomaram decisões distintas quanto à forma de lidar com os problemas da paralisação. Logo após a reunião, ainda na quinta-feira, o Barcelona decidiu recorrer a um mecanismo chamado Expediente de Regulação Temporal de Emprego (ERTE). A medida permite a redução de salário em situações de emergência (neste caso, enquanto dure a crise). Nas últimas semanas, os jogadores do Barcelona recusaram a redução salarial em 50%, mas estima-se que ela pode chegar até os 70%. A medida do clube catalão afeta todos os trabalhadores vinculados ao clube (desde funcionários até atletas e comissão técnica) e visa  diminuir a queda dos ganhos que, até a paralisação, poderiam superar os duzentos milhões de euros. Mas os “problemas” financeiros do Barcelona não assim tão recentes. De acordo com informações do jornal “As”, o clube catalão não pagou um bônus aos funcionários do clube por conta da conquista do Campeonato Espanhol na temporada 2018/19. Segundo a publicação do jornal espanhol, o valor do bônus (que seria um pagamento em dobro) não é uma obrigação e não há qualquer atraso nos salários, mas era de costume do clube efetuar o pagamento. Especula-se que o Barcelona resolveu “fechar a torneira” por conta dos altos valores que são pagos para os atletas. Vale lembrar que o clube da Catalunha, na temporada passada, liderou o ranking de clube que mais gasta em salários pela segunda vez consecutiva, ultrapassando 700 milhões de dólares.

Em Madrid, nada de afobação

Apesar de a queda na receita do Real Madrid ser bastante similar com a do rival, o clube da capital espanhola, ao menos neste primeiro momento, não tem nenhuma intenção de utilizar o tal Expediente de Regulação de Emprego. Os merengues decidiram por manter os pagamentos de absolutamente todos os seus funcionários e enchem a boca para justificar que têm fundos financeiros para se apoiar neste primeiro momento. Tendo-se por base a temporada 2018/19, os salários totais do clube alcançaram 440 milhões de dólares. Isso significa que a massa salarial mal excede os 50% de sua receita operacional, que gira em torno dos 850 milhões de dólares. Muito desta sobra tem relação com a venda de Cristiano Ronaldo, que, sozinho, superava o valor atualmente pago para Eden Hazard e Thibaut Courtois juntos (jogadores contratados após a saída do português). Mesmo assim, a decisão do Real Madrid não é a longo prazo. O clube espera que as competições que disputa na atual temporada sejam retomadas e finalizadas, para que seus cofres possam voltar a engordar.

Quais os planos de Real Madrid e Barcelona para a próxima temporada?

É evidente que os planos de contratação das equipes estão congelados por conta da incerteza quanto ao fim da atual pandemia. Mesmo assim, Real Madrid e Barcelona já tem algumas cartas na manga para reforçarem seus elencos na próxima temporada.

Barcelona:

Para a surpresa de zero pessoas, o Barcelona já planeja um outro destino para Philippe Coutinho, que não deve ser na Catalunha. Atualmente emprestado ao Bayern de Munique, Coutinho não agradou na Alemanha e não deve permanecer jogando a Bundesliga. Seu destino mais provável é o retorno à Inglaterra, uma vez que muitos clubes da terra da Rainha estão interessados em contar com o brasileiro. O problema, porém, é o alto valor pedido pelo Barcelona. O presidente Bartomeu até se mostrou disposto a negociar sua venda, mas os clubes que entraram em contato (Chelsea e Tottenham) já voltaram atrás em razão do preço, o que abre a possibilidade que ele seja emprestado mais uma vez. Outros jogadores como Nélson Semedo, Samuel Umtiti, Ivan Rakitic e até mesmo Ousmane Dembélé (alvo do Liverpool) estão disponíveis para deixar o Barcelona, pois o clube busca encher os cofres para investir no retorno de Neymar. Além dele, Lautaro Martínez e Timo Werner também são observados pelo clube catalão. Para a zaga, o Barcelona pode ir em busca de Matthijs de Ligt, que preferiu ir à Juventus na temporada passada.

Real Madrid:

De acordo com o jornal espanhol “El Mundo Deportivo”, o presidente, Florentino Pérez, e o técnico, Zinédine Zidane, estão “aproveitando” a suspensão do futebol europeu, primeiramente, para avaliar o elenco que eles têm em mãos. O jornal listou alguns nomes que podem deixar o clube na próxima janela de transferência, incluindo Luka Modric e Marcelo. O lateral-esquerdo de 31 anos está no clube desde 2007 e foi titular absoluto do Real Madrid durante a maior parte deste tempo, mas perdeu espaço para Mendy nesta temporada. Recentemente, porém, Marcelo voltou a ser importante para o time, principalmente no clássico contra o Barcelona, mas a continuidade na equipe principal é incerta e, além de o Real Madrid estar disposto a negociar, o jogador pode estar desejando novos ares. E tem clube disposto a contratá-lo: a Juventus. O time de Turim estaria disposta a reeditar a parceria entre o lateral brasileiro e Cristiano Ronaldo, que fez muito sucesso no Real Madrid. Apesar disso, o futuro de Marcelo, assim como o do croata Modric, ainda é bastante incerto. Os jogadores que realmente estão na lista de saída são os atacantes Mariano Díaz, Gareth Bale e, inclusive, o recém-contratado Luka Jovic. No meio de campo, James Rodríguez é o jogador que o Real Madrid mais tem interesse em negociar para poder investir em novas contratações. O principal alvo de Zidane é, declaradamente, o senegalês Sadio Mané. No entanto, caso o atleta deseje permanecer em Liverpool, os merengues devem optar por Lautaro Martínez, Timo Werner ou o norueguês sensação Erling Haaland.

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