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Por que o Liverpool é um time completo?  

A começar pelo seu treinador todo especial.

Jürgen Klopp em Anfield, no jogo Liverpool x Atlético de Madrid, pela Champions League (Reprodução: Instagram)

De um tempo para cá, o Liverpool voltou a ser uma das melhores equipes do mundo, conquistando títulos importantes na temporada passada depois de quase quinze anos vencendo “apenas” copas nacionais. Mas qual a razão para esta evolução do Liverpool? Tudo começa, é claro, com uma administração séria e competente, que sabe como fazer para arrecadar fundos e investir com responsabilidade. No entanto, de acordo com a história contada pelo jornal “New York Times”, tudo começou com um doutor em física teórica chamado Ian Graham, que ocupa o cargo de diretor de pesquisa do Liverpool. De acordo com o jornal norte-americano, todas as contratações do clube precisam do consenso de Graham, como foi o caso da chegada do técnico Jurgen Klopp. O diretor de pesquisa dos Reds, na verdade, não está interessado no “futebol puro”, mas em estatísticas. É com base na análise dos mais diversos dados que o diretor de pesquisa avalia todas as contratações a serem feitas pelo Liverpool (desde Roberto Firmino até Virgil van Dijk). Graham, inclusive, ajuda Jurgen Klopp taticamente através de suas estatísticas, pensando nas peças que têm à disposição e no adversário que irá enfrentar. No entanto, é preciso encontrar uma maneira de fazer os jogadores entender a ideia de jogo que será aplicada. É aí que entra Jurgen Klopp. O alemão atípico, de sorriso sempre aberto e que gosta de ter um contato mais íntimo com seus atletas, tem uma forma toda especial para gerenciar a sua equipe. Nas palavras do meia Oxlade-Chamberlain: “nós sabemos que alguém passou horas estudando aquele assunto, mas o treinador não enche a gente com estatísticas e análise, ele só nos diz o que fazer”.

Alisson, Fabinho e Roberto Firmino

Os três primeiros jogadores da lista são os brasileiros, titulares e importantíssimos para o Liverpool. Começando pelo camisa número 1 dos Reds, Alisson já deixou evidente que é peça fundamental para o bom funcionamento do sistema defensivo da equipe comandada pelo alemão Jurgen Klopp. O brasileiro chegou à Anfield na temporada passada com a missão de resolver um problema antigo do Liverpool com goleiros. Para muitos, foi por conta da posição que o Liverpool não levou o título da Liga dos Campeões na temporada 2017/18, o que foi resolvido com a chegada de Alisson na temporada seguinte. Com defesas espetaculares, o ex-jogador do Internacional, com passagem pela Roma, foi fundamental na conquista da Liga dos Campeões na temporada passada. Na atual edição, porém, por conta de uma lesão no quadril sofrida no início deste mês, Alisson não esteve presente no segundo jogo das oitavas de final. E não é só em jogo decisivo de “mata-mata” que o goleiro absoluto da Seleção Brasileira se destaca. Para se ter uma ideia, o Liverpool sofreu 63 gols em 56 jogos disputados na temporada 2017/18 (já com o holandês Virgil van Dijk na zaga, mas sem Alisson no gol). Na temporada seguinte, com a chegada do novo goleiro, o Liverpool sofreu apenas 39 gols em 55 partidas. Sua relação com a torcida é excelente e, como está em um dos melhores times do mundo, certamente não pensa em uma transferência. O que se sabe é que, um dia, o goleiro sonha em retornar à Porto Alegre para defender o Internacional.

E foi na temporada passada (2018/19), junto com Alisson, que chegou outro brasileiro: Fabinho. O volante que assumiu a camisa de número 3 também não demorou para conquistar o seu lugar na equipe titular. Mesmo em meio a jogadores do mais alto nível, Fabinho se mostrou fundamental na função de “pitbull” à frente da zaga, além de ser um excelente articulador. Mas não se engane, ele não é agressivo: em 72 jogos com a camisa do Liverpool, o volante recebeu apenas dezessete cartões amarelos (média de 1 a cada 4,2 jogos) e nunca levou cartão vermelho. Fundamental para os Reds, seu futuro certamente está em Liverpool.

Por fim, Roberto Firmino é o brasileiro com mais tempo de Anfield. O camisa número 9 está na equipe desde 2015, tendo sido uma das primeiras pedidas de Jurgen Klopp para o elenco do Liverpool. E sem dúvida, o chamado “falso 9” é peça crucial e até mesmo simbólica do atual Liverpool. Diferente de outros camisa 9 brasileiros que se destacaram na Europa, Bobby Firmino (como é chamado na Inglaterra) não chama tanto a atenção pelo número de gols que marca, apesar de costumar balançar as redes em momentos decisivos (como na final do Mundial de Clubes de 2019). O seu diferencial está na qualidade que tem para armar as jogadas para seus companheiros de ataque (Mané e Salah), que acabam ficando com a função de empurrar para o fundo da rede.

Outros pilares

O Liverpool possui uma equipe tão completa que fica difícil tirar qualquer um da lista dos fundamentais para o sucesso da equipe. Até mesmo os reservas se mostram cruciais para o time de Jurgen Klopp, como Divock Origi (decisivo em diversas partidas) e James Milner (o jogador coringa que se impõe diante de qualquer adversário). Nas laterais, ainda que Alexander-Arnold tenha um grande destaque pelo lado direito, não se pode menosprezar o motorzinho que Andy Robertson é do outro lado do campo. É justo dizer que o Liverpool sentiria bastante a ausência de qualquer um dos dois. Completando a defesa, Virgil van Dijk certamente é o jogador que seria mais difícil de substituir. Com o holandês no time, parece que qualquer companheiro de zaga serve (tanto Joe Gómez quanto Matip e Lovren).

No meio de campo, Jordan Henderson ainda é o que mais se destaca. Com mais tempo de Liverpool, o meia-central inglês é capitão e principal organizador do meio de campo, além de ser feroz na marcação e bater muito bem de fora da área (são muitos recursos). Mesmo assim, não se pode diminuir a importância de Gini Wijnaldum para a equipe, o qual aparece na área como um centroavante artilheiro e ainda pode ser considerado o melhor “driblador”, talvez atrás de Firmino.

Chegando ao ataque, aí sim, nenhuma novidade. Os africanos Sadio Mané e Mohamed Salah estão entre os melhores jogadores do mundo. Juntos, os atacantes do Liverpool já marcaram trinta e oito gols, e isso porque ambos perderam alguns jogos por conta de lesões.

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