Início » Colunas » Coluna do Verchai » Goleiro do Irã sofre concussão em jogo da Copa do Catar

Goleiro do Irã sofre concussão em jogo da Copa do Catar  

Com uniforme azul, goleiro Beiranvand., do Irã, tem choque feio com seu próprio companheiro durante jogo contra a Inglaterra
Com uniforme azul, goleiro Beiranvand., do Irã, tem choque feio com seu próprio companheiro durante jogo contra a Inglaterra (Reprodução: Twitter)

No primeiro jogo entre Irã e Inglaterra, o goleiro Beiranvand já nos primeiros minutos de jogo, acabou se chocando com a cabeça de seu próprio companheiro de time. Após ser atendido por quase 10 minutos e o jogo ficar paralisado, tentou voltar, mas deu para perceber que ele estava desorientado. Parece que a pancada pegou o nariz e parte da cabeça. O nariz sangrou muito, sujando visualmente seu uniforme.

Após tentar continuar no jogo, caiu e teve que ser substituído pelo goleiro reserva Hossen Hosseini. Houve uma grande insistência de sua equipe para que ele continuasse no jogo, por isso talvez a demora no atendimento. A insegurança da equipe se confirmou quando Hossen acabou levando seis gols durante a partida e talvez ele não estivesse aquecido ou até mesmo preparado o suficiente para a partida.

É possível que o goleiro tenha quebrado o nariz, ou até mesmo sofrido uma concussão cerebral, mas até o momento nada foi confirmado oficialmente ainda. O zagueiro que trombou com ele, o Majid também ficou caído no gramado, mas conseguiu continuar no jogo.

Nas redes sociais, os telespectadores demonstraram estar indignados com a demora no atendimento e o porque da insistência do time do Irã em praticamente “operá-lo” em campo.

Ali Beiranvand atualmente joga pelo Persepolis Futball Club, mas já deixou claro que sonha em entrar no PSG.

A história de vida do goleiro é cheia de surpresas, pois teve uma infância muito pobre e difícil, chegando ao ponto de ser morador de rua enquanto criança e mais tarde chegou a ser entregador de pizza. Passou por muita coisa antes de se tornar um ídolo em seu país. Abandonou a família e foi para as ruas. Nasceu em Sarab-e Yas, que fica no Oeste do Irã, era o filho mais velho de sua família. Seus pais eram pastores nômades e quando vivia com a família, ajudava seus pais a alimentar e cuidar das ovelhas, porém, sempre gostou de futebol e aos 12 anos chegou a fazer parte de um time como atacante, mas desde que entrou o técnico percebeu que ele tinha muita força nos braços e só foi para o gol para substituir um goleiro que havia se machucado. Foi aí que “se encontrou” no futebol.

Seu pai não concordava e não gostava que ele jogasse futebol, e queria que o ajudasse na “lida” do campo, sempre tentando impedi-lo de ir aos treinos. Inclusive chegou ao ponto de rasgar suas roupas e suas luvas mais de uma vez para que ele não fosse, mas obstinado, ia mesmo assim, jogando sem luvas e sem o uniforme. Já sua mãe, mesmo vendo que o filho tinha futuro no esporte não aceitava e queria que ele estudasse para ser “alguém”.

Desde pequena sábia o que queria, então fugiu das montanhas para a capital Teerã, e parece que o destino estava ao seu favor, já que no ônibus que pegou enquanto fugia, conheceu um técnico de futebol de um time amador chamado Hossein Feiz, que o convidou para jogar por um valor simbólico. Ele acabou aceitando, porém, não tinha lugar para morar, dormir ou comer e foi aí que teve que ir pra rua. Quando o treinador percebeu sua situação, o ajudou arrumar emprego, enquanto isso ele dormia na Torre Azadi, lugar conhecido onde muitos refugiados e pobre se reuniam para passar a noite.

 Seu primeiro emprego foi de lavador de carros, e como não gostou, pediu demissão e foi procurar outro. Achou um emprego de entregador de pizza, mas teria que trabalhar quase a noite toda, mas nesse emprego estava trabalhando escondido de seu treinador que acabou descobrindo. O fato de trabalhar a noite, atrapalhava seu rendimento como atleta, por isso que Hossein não queria isso para ele. Depois passou a ser faxineiro, mas também era no turno da noite.

Após muitas atuações ruins, já estava desistindo do futebol e ia voltar para a casa dos pais quando um treinador do do Naft sub-23 resolveu dar a última chance pra ele.

Seus braços eram fortes também devido ao fato de ter praticado “Dal Paran” que é como um arremesso de peso e nesse esporte ele também se destacou e acabou inclusive quebrando um recorde da liga onde estava ao arremessar uma bola a 70 metros.

No ano de 2015 Beiravand foi convocado pela Seleção Iraniana pela primeira vez, ajudando na classificação para a Copa do Mundo da Rússia. Foi nessa Copa que sua “estrela” começou a brilhar, já que começou a chamar a atenção pelas suas defesas e principalmente após conseguir defender um pênalti do jogador Cristiano Ronaldo.

Em 2016 foi contratado pelo Persepolis, que é um dos times mais famosos de seu país de origem. A partir de 2015 sua carreira vem deslanchando, pois em 2016 o goleiro foi eleito em 9º lugar do mundo no ranking dos melhores.

Dois meses antes da Copa do Mundo do Catar, ele deu uma entrevista onde disse o seguinte: “Eu quero brilhar na Copa do Mundo, para talvez poder jogar num grande clube europeu. Eu gostaria de jogar no Liverpool ou no Paris Saint-Germain”. Parece que infelizmente não será nessa Copa, pois já no primeiro jogo acabou se machucando.

Ele sabe, é claro que uma contratação na dimensão do PSG não é tão rápida assim, mas segue sonhando e com o objetivo de ser parte de um grande time. Sempre conseguiu chegar onde almejou porque tem foco, sempre soube o que queria.

Mesmo de maneira trágica, o goleiro fez história ao sair de maca do campo de futebol, pois essa foi a primeira vez na história das Copas que um goleiro é substituído por causa de uma concussão.

Torcemos para que não seja algo tão grave a ponto de interromper sua carreira.

O goleiro Ali Beiranvand nos mostra com sua história, que se tivermos foco, podemos chegar onde queremos e para um jogador de futebol profissional, participar de uma Copa do Mundo é o que todos querem.

Deixe um comentário