Nesta quinta-feira (9) o Fortaleza recebeu o Cerro Porteño no Castelão, no Ceará, pela partida de ida da terceira e última fase da chamada Pré-Libertadores. Assim como o Atlético Mineiro e equipes de outros países específicos, como o próprio Cerro Porteño, do Paraguai, o Fortaleza entrou logo na segunda fase eliminatória da Pré-Libertadores. A estreia da equipe de Juan Pablo Vojvoda, que esteve nas oitavas de final da Libertadores do ano passado, foi fora de casa contra o Deportivo Maldonado, do Uruguai, e terminou em um empate sem gols. Na volta, o Fortaleza goleou por 4 a 0 e selou sua classificação à terceira e última fase da qualificatória à fase de grupos da Libertadores. Nesta fase, porém, ao invés de enfrentar uma equipe modesta do Uruguai, o Fortaleza poderia até ter o Atlético Minero como adversário, mas foi sorteado para enfrentar o Cerro Porteño, do Paraguai. Apesar de nunca ter vencido uma competição continental, o Cerro Porteño esteve nas oitavas de final da Libertadores nas últimas duas edições, sendo atual vice-campeão das Ligas Apertura e Clausura do Paraguai e segundo maior vencedor nacional, atrás apenas do Olimpia. É verdade que o Cerro Porteño foi eliminado na terceira e última fase na última vez que disputou a Pré-Libertadores, em 2020, mas, naquela oportunidade, perdeu a partida de ida, fora de casa, e voltou a ser derrotado na volta, diante da torcida, para o Barcelona do Equador. Desta vez, com a vitória conquistada fora de casa diante do Fortaleza na partida de ida, o Cerro está muito próximo de disputar a fase de grupos da Libertadores pelo terceiro ano consecutivo.
Em ano de expectativa alta pelas conquistas de 2022, Fortaleza tenta reencontrar seu poder de decisão:
2022 foi um ano de muitas conquistas para o Fortaleza. Além do tricampeonato cearense e do bi da Copa do Nordeste, o Fortaleza chegou pela primeira vez em sua história nas oitavas de final da cobiçada Copa Libertadores da América e conseguiu, pelo Brasileirão, uma vaga nas qualificatórias à fase de grupos da atual edição da principal competição do continente. Todas essas conquistas colocaram o argentino Juan Pablo Vojvoda e toda a sua equipe na história do Fortaleza, mas também aumentaram o nível da expectativa dos torcedores para esta temporada. Com mais tempo para planejar uma nova temporada, já com Vojvoda no comando e aquisições importantes, como as de Calebe, do Atlético Mineiro, e do argentino Tomás Pochettino, do River Plate, que foram titulares diante do Cerro Porteño na última partida, a expectativa sobre o Fortaleza cresceu ainda mais para 2023.
Até aqui, no entanto, com exceção da goleada de 4 a 0 sobre o Deportivo Maldonado na partida de volta da segunda fase qualificatória da Libertadores, o Fortaleza ainda não conseguiu convencer. Apesar de ter se classificado às quartas de final da Copa do Nordeste com antecedência e estar nas semifinais do Campeonato Cearense, o Fortaleza perdeu os dois clássicos que fez com o Ceará, por isso está na vice-liderança do Grupo A do Nordestão e ficou com a segunda melhor campanha do estadual. Portanto, apesar de não ter decepcionado, o Fortaleza ainda não rendeu o que os torcedores esperavam e pode começar a sentir a pressão das conquistas das competições regionais caso não consiga confirmar sua classificação à fase de grupos da Copa Libertadores da América, que é a grande ambição do clube na temporada. Para tanto, porém, a equipe de Vojvoda vai precisar reencontrar o poder de decisão que ainda não apareceu nesta temporada. No ano passado, o Fortaleza também teve um início difícil na Libertadores, mas reagiu na reta final e conseguiu a classificação após uma vitória sobre o Colo-Colo fora de casa em um confronto direto pela vice-liderança do Grupo F, liderado pelo River Plate. No Brasileirão não foi diferente: depois de ter amargado a lanterna do campeonato durante a maior parte do primeiro turno, até a 19ª rodada, mas teve a 3ª melhor campanha do segundo turno (com 12 vitórias, 4 empates e apenas 3 derrotas) e terminou na zona de classificação à Pré-Libertadores.
Análise: Fortaleza desperdiça chances, é castigado e vai precisar vencer por 2 gols fora de casa na volta.
Ciente da dificuldade que o Cerro Porteño imporia, com uma marcação forte, bolas longas (direto da defesa para o ataque) e cruzamentos na área, o Fortaleza conseguiu competir no mesmo nível de agressividade e com mais qualidade técnica. E não demorou muito para que a primeira chance de abrir o placar aparecesse: em um contra-ataque que pegou a defesa paraguaia exposta, Calebe ficou com a sobra após cruzamento, limpou a marcação e acabou sendo derrubado na área. O pênalti foi assinalado, mas, na cobrança, Thiago Galhardo bateu no meio e parou no goleiro Jean, ex-São Paulo. O gol certamente daria mais tranquilidade para o Fortaleza conseguir um resultado positivo, mas o erro abalou visivelmente a equipe tricolor, que nas palavras do próprio Vojvoda (em entrevista coletiva após a derrota) “estava ansioso no segundo tempo”. Sabendo da importância de conseguir um resultado positivo em casa para não ter de vencer na pressão dos torcedores paraguaios na partida de volta, o Fortaleza não soube lidar com a chance perdida e o Cerro Porteño aproveitou a chance que teve: em um erro de marcação da defesa, o goleiro Fernando Miguel tentou sair para fazer o corte, mas não chegou antes do argentino Diego Churín, ex-Grêmio, que testou para o fundo da rede para fazer o gol que deu a vitória à equipe paraguaia diante de cerca de 50 mil torcedores que marcaram presença na Arena Castelão. O Fortaleza tentou reagir no segundo tempo e criou boas ocasiões, mas não foi eficiente o suficiente para vencer o goleiro Jean naquele último toque na bola, colocando pro fundo da rede. Agora, a equipe de Vojvoda vai precisar se superar no Paraguai para conseguir um lugar na fase de grupos da Libertadores. Caso contrário, em caso de outra derrota ou mesmo um empate no Paraguai, o Fortaleza vai disputar a fase de grupos da Copa Sul-Americana nesta temporada.
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