Um All-Star Game da Premier League pode ser uma ótima ideia? Sem surpresa, ideia de novo dono do Chelsea, Todd Boehly foi criticada.
O empresário americano deve estar se perguntando o que exatamente ele disse para provocar tanta confusão. Tudo o que o presidente do Chelsea, coproprietário e diretor esportivo interino havia sugerido era uma partida de futebol de 90 minutos entre os melhores da temporada.
A proposta foi recebida com ceticismo, mas um All-Star Game traria uma das melhores partes dos esportes americanos, um momento de confraternização, além de muita diversão.
No entanto, a sugestão de um All-Star Game da Premier League já atraiu a condenação de treinadores como Jurgen Klopp. A ideia não parece boa para os treinadores que visualizam o evento como mais uma obrigação na temporada que já é longa e desgastante.
Boehly não falou no momento certo e talvez fosse culpado de não ter considerado sua proposta antes de conversar com outros dirigentes de outros clubes e mais experientes. Mas era um conceito bastante simples, que teria familiaridade imediata para a maioria do público dos Estados Unidos onde o empresário atua. Certamente ele não poderia ter previsto o tamanho da rejeição que sua ideia traria no Reino Unido, onde Gary Neville logo tratou de fazer seu pedido para que um regulador independente do esporte pudesse proteger o futebol inglês do “perigo claro e presente” que teria chegado até a Premier League.
É difícil dizer se o All-Star Game seria algo pior do que as finais das super copas europeias, o evento busca diversão, exibição e a chance de poder ver os melhores atuando. Afinal, essa é a função que serve para a NFL, MLB, NBA, NHL e MLS, ser uma breve pausa na intensidade do calendário, um momento para abandonar as disputas e voltar para uma versão mais alegre do esporte. E no evento não é o momento em que os maiores se separam dos demais, também é uma ocasião em que os jogadores mais talentosos de uma determinada liga entregam seu lado criativo como nunca mostram enquanto estão jogando, talvez somente em treinos, realizando jogadas e algumas brincadeiras que estimulam o seu lado criativo e agrada a torcida que adora jogos de exibição, assim como são as partidas de final de ano realizadas por ex-jogadores.
Um fim de semana All-Star como o da NBA, por exemplo, é um festival de diversão, que pode ser facilmente adaptado para as necessidades da Premier League. Na era do Ultimate Team onde jogadores realizam competições como essa a todo momento no jogo virtual, como por exemplo, um duelo de cobranças de falta entre James Ward-Prowse e Trent Alexander-Arnold, o evento pode atrair muito a atenção dos jovens e consequentemente ser algo positivo do ponto de vista interativo da Premier League.
Por mais difícil que seja acreditar para quem está fora do esporte, não há disputa entre jogadores de futebol, pelo menos na Premier League, que se estenda além do campo. Então esse poderia ser tratado como um grande evento onde as estrelas do campeonato poderiam compartilhar seu talento jogando juntos diante de todas as torcidas num estádio lotado com craques e muito entretenimento.
É animador parar para pensar que se estivessem jogando na mesma liga, Messi e Cristiano Ronaldo poderiam disputar uma partida pelo mesmo time e mostrar ao mundo como seria se os dois vestissem a mesma camisa, todo torcedor ou quem gosta de futebol já se perguntou isso em algum momento vendo ambos em campo, principalmente nos clássicos disputados entre ambos quando vestiam a camisa do Barcelona e Real Madrid.
E aqueles que conhecem bem os melhores jogadores de futebol acham que eles ficariam revigorados com a chance de ganhar o prêmio All-Star do evento. O jogo em si não seria muito mais do que uma exibição para os jogadores, mas ser nomeado para uma das equipes seria um endosso para os atletas em um momento em que grande parte da equipe do ano da Premier League sempre está com nomes certos como Kevin De Bruyne , Mohamed Salah e Virgil van Dijk.
Há, porém, uma objeção ao All-Star Game à qual não pode ser respondida. Como Jurgen Klopp observou em entrevista, simplesmente não há espaço para isso.
“Quando ele encontrar uma data para isso, ele pode me ligar”, disse o técnico do Liverpool.
“Ele esquece que nos grandes esportes da América, esses esportes têm intervalos de quatro meses, então eles estão muito felizes por poder praticar um pouco de esporte nesses intervalos. É completamente diferente no futebol.” Completou o treinador.
Em um momento em que há apenas três meio de semana livres entre janeiro e maio para o futebol inglês compensar seus recentes adiamentos, não é preciso dizer que colocar mais um jogo no calendário, até mesmo um amistoso que permitiria que a maior parte da liga descansasse, seria ridículo. E, no entanto, descartar o All-Star Game porque o calendário está uma bagunça é um ato de conservadorismo, defendendo um status de que inevitavelmente o evento prejudicará a aptidão física dos jogadores nos próximos anos.
Em vez de mais um jogo, as conversas sobre o All Star Game devem trazer consigo um debate sobre o que se quer do calendário. Se levarmos em conta a palavra de Boehly e este único jogo puder trazer US $200 milhões para os cofres da federação e dos clubes, talvez seja uma ideia a ser pensada, mas ninguém parece querer assistir, participar ou jogar no evento. Por que o melhor começo da nova temporada não poderia ser uma celebração dos melhores e mais brilhantes jogadores dos últimos 12 meses?
Pode ser que nenhuma dessas ideias funcione e que o All-Star Game seja um conceito que deve ser deixado nos Estados Unidos, como Cadillacs, Red Hot Chili Peppers e Las Vegas. Mas uma coisa que esses jogos fazem com segurança é ganhar muito dinheiro, se isso puder ser direcionado do topo do futebol inglês até para os níveis mais baixos, então é claramente uma ideia que vale a pena ser explorada e pensada com maior cautela para o futuro no futebol.