O futebol, considerado por muitos como um esporte capaz de unir povos e culturas, infelizmente ainda enfrenta o desafio persistente do racismo. No último domingo, em jogo válido pela 35ª rodada do Campeonato Espanhol, Vinícius Júnior sofreu, mais uma vez, ataques racistas vindo das arquibancadas da torcida rival. Essa situação lamentável levanta questões urgentes sobre o racismo no futebol espanhol e no mundo.
A partida foi disputada contra o Valência no estádio Mestalla e após sofrer os ataques, Vinícius Júnior se dirigiu ao árbitro da partida apontando o responsável. A atitude levou à paralisação da partida, mas nada de efetivo foi feito naquele momento e numa confusão posterior o atacante brasileiro ainda foi expulso.
O ocorrido expressa, novamente, a necessidade de resposta das autoridades competentes que precisam combater com determinação e vigor essa forma de discriminação em uma das ligas mais prestigiadas e acompanhadas do mundo.
Um histórico de abuso racial
Vinícius Júnior tem sido alvo contínuo de ataques racistas ao longo das últimas duas temporadas na La Liga. Esses incidentes não são novidade, mas ganharam ainda mais destaque e preocupação pela natureza específica de sua direção ao jogador, especialmente após a saída de grandes nomes como Lionel Messi e Cristiano Ronaldo.
A frequência perturbadora desses ataques demonstra que o racismo persiste de maneira alarmante nos estádios espanhóis, e a reação de Vinícius expõe sua crescente frustração, mas também sua inabalável determinação em combater essa realidade que fere a humanidade.
A fala do craque
Ao manifestar sua indignação e revolta nas redes sociais, Vinícius Júnior foi além de apenas criticar os agressores, dirigindo suas palavras à La Liga, à federação e até mesmo aos adversários, afirmando veementemente que o racismo é lamentavelmente normalizado no futebol espanhol.
“Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi hoje é dos racistas. Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista. Lamento pelos espanhóis que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas. E, infelizmente, por tudo o que acontece a cada semana, não tenho como defender. Eu concordo. Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui.” Escreveu Vinícius em suas redes sociais.
Essa declaração corajosa e contundente levanta questões profundas sobre a falta de ações concretas e efetivas por parte das instituições envolvidas e dos clubes em particular, no sentido de combater e erradicar o racismo dentro e fora dos gramados.
O papel das autoridades e dos clubes
Depois de muito silêncio diante da situação ocorrida com seu atleta há muito tempo, o Real Madrid tomou uma posição firme ao acreditar que os ataques dirigidos a Vinícius Júnior configuram um crime de ódio conforme previsto pela lei espanhola, apresentando uma queixa formal às autoridades competentes e exigindo uma investigação minuciosa, segundo nota divulgada pelo clube.
De maneira semelhante, o presidente da federação de futebol da Espanha também reconheceu a gravidade da situação, afirmando com veemência que o racismo nos estádios mancha não somente o time envolvido, mas também todos os torcedores e o país como um todo. No entanto, as críticas legítimas e pertinentes se estendem à resposta das autoridades e dos clubes, que em muitas ocasiões vem sendo acusados de não agirem com a devida seriedade e efetividade em casos de racismo, o que apenas perpetua a impunidade e a sensação de impotência para os jogadores vítimas dessas manifestações de ódio.
A importância do apoio institucional
A Liga de Futebol Profissional da Espanha anunciou que está colaborando com as autoridades locais para investigar o incidente em Valência e tomar as medidas legais cabíveis. Essa resposta é um passo na direção certa, mas é necessário que as instituições e os órgãos competentes façam mais do que apenas reagir aos incidentes isolados.
É fundamental estabelecer políticas claras, procedimentos rigorosos e campanhas educacionais que visem a prevenção do racismo e a promoção de uma cultura de respeito e inclusão nos estádios de futebol. Ações concretas, como programas de treinamento para torcedores, sanções mais severas aos infratores são essenciais para combater efetivamente o racismo sistêmico no futebol.
Solidariedade e conscientização
Diante do ocorrido no último domingo, jogadores de futebol de todo o mundo manifestaram seu apoio a Vinícius Júnior. Jogadores como Kylian Mbappé e Neymar, do Paris Saint-Germain, foram às redes sociais para expressar sua solidariedade ao atacante brasileiro. Além disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também criticou o preconceito racial no futebol e demonstrou seu apoio a Vinícius. Até mesmo o perfil oficial do Cristo Redentor declarou apoio ao atleta, num ato onde o monumento permaneceu com as luzes apagadas.
Essas manifestações de apoio destacam a importância de um movimento global em favor da igualdade e da conscientização sobre o racismo no esporte, contribuindo para que o racismo enraizado na sociedade não faça mais parte do esporte como um todo.
Medidas efetivas contra o racismo
Embora a La Liga tenha alegado ter implementado medidas para combater o racismo em seus estádios, é preciso questionar a efetividade dessas ações. As punições impostas aos clubes, como o fechamento de estádios, estão sob a responsabilidade da federação nacional de futebol, o que levanta a questão sobre a necessidade de uma abordagem mais abrangente e coordenada envolvendo todas as partes interessadas.
Medidas mais efetivas podem incluir campanhas de conscientização contínuas, treinamento de segurança e pessoal dos estádios, criação de canais de denúncia seguros e confidenciais, além de uma avaliação regular e transparente das políticas antirracismo implementadas. Pois esse é um problema urgente e precisa ser erradicado.
O impacto na reputação espanhola
Vinícius Júnior afirmou que a Espanha está se tornando conhecida como um país racista, o que é um fato histórico. Tal afirmação, além de ilustrar o quão profundo é o impacto desses incidentes, levanta uma questão importante sobre a reputação internacional da Espanha e o futuro do futebol no país.
Com a Copa do Mundo de 2030 sendo cotada para ser disputada no país, é fundamental que as autoridades e as instituições espanholas ajam de maneira decisiva e assertiva para combater o racismo no futebol, garantindo que a Espanha seja um anfitrião acolhedor e inclusivo para todos os jogadores e torcedores. Do contrário, será difícil imaginar uma Copa do Mundo sendo disputada em território espanhol.
Responsabilidade de todos
É importante ressaltar que o combate ao racismo no futebol é uma responsabilidade coletiva. Os jogadores, clubes, federações, ligas, autoridades e torcedores possuem um papel a desempenhar na promoção de um ambiente esportivo livre de discriminação. É necessário um esforço conjunto, onde a tolerância zero ao racismo seja a norma, e a diversidade e a inclusão sejam valorizadas.
Somente com um esforço coletivo poderemos alcançar um esporte sem qualquer tipo de preconceito, onde jogadores como Vinícius Júnior possam brilhar sem serem vítimas de discriminação.
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