O presidente da Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (Anaf), Salmo Valentim, ameaça paralisar o Brasileirão. A CBF já o rebateu.
Valentim reclama que a Confederação Brasileira de Futebol cortou um repasse de dinheiro à associação, referente aos patrocínios exibidos nos uniformes da arbitragem. Com isso, alguns benefícios que a Anaf paga aos árbitros tiveram que ser cortados, alega.
“Recebíamos R$ 30 mil mensais, dos R$ 10 milhões que a CBF recebe dos patrocinadores que expõem suas marcas nas camisas da arbitragem. Esse recurso era utilizado para a manutenção da entidade, que o utiliza em benefício dos árbitros aplicando seguro lesão, para quem se contundir, transporte terrestre, auxílio médico, jurídico… uma série de benefícios que teremos de cortar”, explicou ele ao Lance.
De acordo com o presidente da Anaf, o corte começou em março, poucos meses depois da chegada de Ednaldo Rodrigues à presidência da CBF. “O repasse foi paralisado em março. Desde, então, o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, que fez a mesma coisa com o sindicato dos árbitros da Bahia quando era presidente da FBF, não mais nos atendeu”.
Outro lado
A CBF rebateu a declaração do presidente da Anaf, Salmo Valentim. Levantamento do departamento jurídico da entidade aponta que “em administrações passadas havia um repasse mensal de R$ 30 mil à Anaf para que eles indicassem o nome de um auditor ao STJD. Porém, esse valor foi cortado após não serem encontrados contrato, justificativa e prestação do serviço.”
Ao jornal O Globo, Wilson Seneme, presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, justificou: “A verdade é que a Anaf não representa mais os árbitros. Hoje 90% deles não são associados. Estou na CBF há três meses e nunca recebi um pedido de árbitro com reivindicação sobre falta de direitos. Hoje os árbitros estão carentes de uma associação, já que a atual diretoria da Anaf a colocou em descrédito.”
Comunicado da Anaf que propõe a greve
Confira o comunicado da Anaf, no qual propõe aos árbitros uma greve geral:
Nota oficial da ANAF
ANAF vai propor aos árbitros a PARALISAÇÃO DO CAMPEONATO BRASILEIRO!
Desde que tomou posse como presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues tem prestado um desserviço à categoria. Cortou o patrocínio que os árbitros recebiam oriundo da exposição de marcas em seus uniformes e busca a todo momento enfraquecer sua entidade classe, assim como fez quando era presidente da Federação Baiana de Futebol, com o sindicato local.
Diante desse panorama não resta outra alternativa: como representante eleito da categoria, irei me reunir com alguns árbitros da FIFA, e também da CBF, além de estar com presidentes de sindicatos em todo país que atuam em nosso segmento e nós iremos propor uma GREVE GERAL para que o presidente da CBF passe a entender que o respeito é uma condição essencial para que o árbitro possa realizar o seu trabalho com fidalguia no campo de jogo!
Estamos há seis meses tentando um contato, mas ele foge! Trata as pessoas com descaso e indiferença. Não tem postura para estar no cargo que exerce. E agora verá a força que a arbitragem brasileira possui. Se tornou presidente da CBF entrando pela porta dos fundos, criando desafetos políticos e prometendo coisas que deixou de cumprir. Por isso, até seguranças particulares teve que contratar, algo que ao longo da história não me recordo de ter ocorrido com um presidente da CBF.
Enquanto isso a arbitragem brasileira segue sucateada, sem investimentos eficazes que a possam colocar no patamar que ela merece. Por isso, vou me empenhar para que possamos, juntos, PARALISAR O CAMPEONATO BRASILEIRO em protesto ao presidente que quer acabar com a categoria no Brasil”.
Caso ocorra mesmo uma greve, isso possivelmente iria atrapalhar muito o calendário não só do campeonato brasileiro, mas como todo o calendário das equipes em modo geral em outras competições.
Outro caso envolvendo árbitros que ocorreu recentemente foi envolvendo Anderson Daronco e o atacante Hulk do Atlético-MG. Após Jogador do Galo reclama pênalti não marcado no duelo com o São Paulo; depois da partida, Hulk relata tom de ameaça de Daronco.
Já nos minutos finais da partida entre Atlético-MG e São Paulo e após o término da partida o jogador e o árbitro conversaram em campo e ao deixar o gramado Hulk deu fortes declarações e relatou tom de ameaça por parte de Anderson Daronco.
Segundo o atacante do galo o árbitro disse “cuidado com o que você vai falar lá fora. Eu falei “por que?”, e ele respondeu “porque não é o último jogo que eu vou apitar de vocês”. Isso é uma ameaça ou não? Eu não sei.
O atacante não escondeu a insatisfação quanto à arbitragem de Daronco no empate sem gols pelo Brasileiro. Os critérios e a não marcação de pênalti estavam no alvo do artilheiro atleticano.
Ainda em campo, aos 50 minutos do segundo tempo, é possível ver Hulk e Daronco conversando. Miranda, zagueiro do São Paulo e figura central na penalidade reclamada pelo atacante, está próximo.
O jogo termina, e Hulk se dirige ao trio de arbitragem composto ainda pelos auxiliares Rafael da Silva Alves e Lucio Beiersdorf Flor), posicionado no centro do gramado. Ele fala diretamente com Daronco, agora sob os olhares de Jandrei, goleiro tricolor. O árbitro também se manifesta. A conversa dura mais de um minuto.
Jandrei deixa o local. Hulk e Daronco seguem se falando. Igor Rabello e Calebe, ambos do Galo, se aproximam. Hulk, neste momento, fala com um dos auxiliares. O atacante volta a conversar com o árbitro. Éder, do São Paulo, acompanha de perto. Chega a falar com Hulk, colocando a mão na boca, em alguns instantes. Ele retira o atacante atleticano, que segue se dirigindo a Daronco. No fim, os dois atacantes conversam sozinhos.
Após contato do grupo globo (GE) o árbitro Anderson Daronco não quis se manifestar. Ele alegou que não há nada a dizer sobre as falas de Hulk e arbitragem na partida.
A reportagem também entrou em contato com a CBF pedindo um posicionamento. A assessoria da entidade respondeu que “a arbitragem só se manifesta por meio de solicitações formais dos clubes ou análises postadas no site da CBF após os términos das rodadas.
