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Finalmente CBF se posiciona contra o racismo no futebol brasileiro  

camisa selecao sub 20 numero 8 foto rafael ribeiro cbf 1

Infelizmente os casos de racismo em campo têm aumentado cada vez mais, e depois de muitos jogadores e famosos pedirem um posicionamento, a CBF, finalmente, se posiciona e anuncia que haverá diversos tipos de punições para casos de racismo. A pauta é tão importante que nem entrou em votação e foi decidida direto, na terça-feira, dia 14, durante reunião do Conselho Técnico na sede.

As punições serão separadas em três etapas: primeiro por multa ao clube, depois o time terá que jogar algumas partidas com os portões fechados e por fim, perderá pontos. Essa medida fará com que o torcedor que realmente se preocupa com o seu time terá que “segurar” os ânimos e treinar o respeito e a empatia ao próximo, mesmo que seja o seu rival.

Durante a reunião, na qual estavam representantes de todos os times brasileiros, achavam que a punição da perda de pontos iria à votação, mas o próprio presidente da CBF Ednaldo Rodrigues foi quem decidiu que não haveria, para que os clubes não se opusessem, então nem houve chance de não aceitarem.

A verdade é que hoje já existe punição no código Brasileiro de Justiça Desportiva, e nas muitas linhas, há punição não somente para racismo, mas para preconceito, xenofobia, violência dentre outros, mas na prática, raramente chega às consequências, por isso que está como está.

O que realmente importa, é fazer a lei ou regra ser cumprida, se não, não passa de letras num papel.

Após a reunião, o mandatário  do Botafogo- PB, Alexandre Cavalcanti já se pronunciou dizendo  “ Eu sou a favor de qualquer medida, mesmo que enérgica contra os clubes, para que a gente combata o racismo”. Disse ainda que sempre acreditou na mudança que a educação gera, mas que nesse caso não está adiantando e essa medida teve que ser tomada e que já passa da hora de um verdadeiro posicionamento e essa hora chegou.

O racismo é um problema social que afeta várias esferas da sociedade brasileira, inclusive o futebol. Apesar de ser um esporte que une pessoas de diferentes raças e culturas, o racismo no futebol brasileiro ainda é uma realidade preocupante.

Desde o início do século XXI, vários casos de racismo envolvendo jogadores, técnicos e torcedores foram registrados nos estádios brasileiros. Alguns exemplos emblemáticos incluem o caso do jogador Grafite, que em 2005, foi vítima de ofensas racistas durante uma partida do Campeonato Brasileiro, e o caso do goleiro Aranha, que em 2014, também sofreu ataques racistas por parte de torcedores adversários.

Infelizmente, tais atitudes não são isoladas. Jogadores negros, em especial, são frequentemente alvo de insultos e agressões raciais, tanto por parte de torcedores adversários como por jogadores do próprio time. Essas ações, além de serem criminosas, também prejudicam o desempenho dos atletas e podem ter impactos emocionais e psicológicos duradouros.

É importante ressaltar que o combate ao racismo no futebol brasileiro deve ser uma responsabilidade de todos os envolvidos, desde os jogadores até os torcedores, dirigentes e a mídia esportiva.

Além da punição em três etapas conforme explicado acima, é fundamental promover a diversidade e a inclusão no esporte, incentivando a participação de jogadores de diferentes raças e culturas e valorizando a contribuição de atletas negros para o futebol brasileiro e mundial. Somente com uma atuação conjunta e consciente poderemos construir um futebol mais justo e igualitário para todos.

Só no ano de 2021, foram registrados 64 casos de racismo nos campos, fora outros crimes como machismo e xenofobia. Esse número não conta com atos ocorridos em redes sociais. Somente o que saiu na imprensa. Se esses números somassem com os casos nas redes sociais, seriam no mínimo triplicados, infelizmente. Lembrando também que nesse número não estão inclusos os casos que ocorrem fora do Brasil. Algumas vítimas também não querem se expor e nem denunciar porque acham que pioraria a sua imagem nas mídias.

Já em 2022 esse número não diminuiu, inclusive de 2020 para cá houve um aumento de casos de 106%.

Vejamos alguns dos principais casos de racismo do futebol brasileiro:

  • O jogador Daniel Alves foi alvo de racismo entre o jogo de Barcelona e Vilarreal, onde um jogador acabou jogando uma banana no gramado. Infelizmente Daniel na época disse que desde que chegou na Espanha é tratado dessa maneira;
  • No ano de 2014, o goleiro Aranha que jogava pelo Santos FC e fez uma bela atuação nesse jogo, inclusive ganhando a partida, mas isso irritou profundamente a torcida do Grêmio que o xingava de macaco e fazia sons desse animal. Lamentável;
  • O jogador Arouca foi vitima nas redes sociais no ano de 2015. Esse caso acabou parando no Ministério Público;
  • Grafite foi ofendido em campo por um jogador argentino durante a Copa Libertadores e os dois acabaram se estranhando e quem se deu mau no gramado foi o Grafite que foi expulso, mas ao final do jogo, o argentino saiu do estádio preso após ganhar voz de prisão, onde ficou preso por dois dias;
  • No ano de 2004, Andrade que entrava no time do Flamengo para trabalhar como técnico auxiliar, disse que sofreu preconceito pelo próprio clube e acabou denunciando;
  • Paulão que já foi jogador do Grêmio, disse que ao se reencontrar com a torcida, ouviu vais e sons de macaco enquanto ele passava;
  • Em 2013, o técnico Lula Pereira contou em entrevista para a revista Placar, que já ouviu de empresários o seguinte “O pessoal do clube gostou do seu perfil, mas você é preto”.

Os primeiros registros de jogadores negros de futebol no Brasil datam do início do século XX, quando o esporte ainda estava em sua fase inicial de desenvolvimento no país. No entanto, o racismo estrutural na sociedade brasileira da época significava que os jogadores negros enfrentavam discriminação e exclusão em muitos aspectos do futebol, incluindo a seleção para times e clubes.

Em 1904, por exemplo, um jogador negro chamado Francisco Carregal foi impedido de jogar pelo Fluminense, um dos principais clubes de futebol do Rio de Janeiro, devido à sua cor de pele. Outro jogador negro, Arthur Friedenreich, considerado um dos maiores jogadores de futebol da história do Brasil, foi obrigado a jogar em times de segunda divisão, apesar de sua habilidade, devido à discriminação racial.

No entanto, ao longo das décadas de 1910 e 1920, cada vez mais jogadores negros começaram a ganhar destaque no futebol brasileiro, incluindo jogadores como Domingos da Guia e Leônidas da Silva. A partir da década de 1930, o futebol brasileiro começou a se tornar mais integrado, com jogadores negros e brancos competindo juntos em times e clubes de futebol em todo o país.

Só vale lembrar que o “Rei” do futebol era negro, e é e sempre será um jogador exemplar independente de sua cor ou raça.

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