O gigante voltou. Um dos maiores clubes do futebol brasileiro, o Cruzeiro se prepara para disputar a Série A em 2023.
Em outra matéria publicada aqui recentemente, foi mencionado que o ano de 2022 não foi de muita alegria para o Atlético Mineiro. Por outro lado, o seu rival, o Cruzeiro, teve muitos motivos para comemorar neste ano de Copa do Mundo, e deve voltar a lutar pelo título estadual em 2023. Atual campeão da Série B do Campeonato Brasileiro com um ótimo aproveitamento, o Cruzeiro está se reforçando ainda mais para a nova temporada, e busca coisas grandes. Além da manutenção de peças importantes, como o técnico uruguaio Paulo Pezzolano, o goleiro Rafael Cabral, o zagueiro Eduardo Brock e o atacante Edu (artilheiro da equipe em 2022), a gestão do Cruzeiro, encabeçada por Ronaldo, está apostando na contratação de novos reforços para cumprir o seu principal objetivo da temporada: permanecer na Série A do Campeonato Brasileiro. Entre os novos contratados, se destacam o volante Ramiro (que estava disponível no mercado após não renovar com o Corinthians), o meia Mateus Vital (liberado pelo Corinthians para assinar com o Cruzeiro em troca de 50% dos direitos econômicos em uma possível transferência futura) e os atacantes Wesley (contratado junto ao Palmeiras) e Nikão (contratado por empréstimo, com opção de compra, junto ao São Paulo). E o Cruzeiro tem outros nomes na mira: Raul Gustavo (do Corinthians), Almendra (do Boca Juniors), Wellington Rato (do Atlético Goianiense), entre outros.
A história do Cruzeiro:
O Cruzeiro sempre foi um gigante do futebol brasileiro. Fundado por desportistas da colônia italiana de Belo Horizonte em 1921 sob o nome de Sociedade Esportiva Palestra Itália, seu primeiro título veio em 1928, na disputa da 14ª edição do Campeonato Mineiro (que começou a ser disputado em 1915, alguns anos antes da fundação do clube). Atualmente, o Cruzeiro tem 38 títulos estaduais e é o segundo maior vencedor em Minas Gerais, atrás do Atlético Mineiro, atual tricampeão e dono de 47 troféus da principal competição estadual. No entanto, no cenário nacional e internacional, o Cruzeiro tem mais títulos que o seu rival local. O clube mudou de nome em 1942, depois que o então presidente Getúlio Vargas proibiu a utilização de termos e denominações referentes às nações consideradas inimigas (entre elas a Itália) durante a Segunda Guerra Mundial. Após algumas mudanças que não vingaram, a direção da época aprovou o nome que permanece até hoje: Cruzeiro Esporte Clube (em homenagem ao símbolo maior da pátria, a constelação do Cruzeiro do Sul), que passou a ser utilizado a partir de 1943 por fatores burocráticos.
Em 1966 o Cruzeiro venceu o seu primeiro título nacional: a Taça do Brasil, superando o Santos, que na época era considerado o melhor time do país, na final. A conquista foi tão relevante e repercutiu no país de tal forma que, no ano seguinte, foi criado o Torneio Roberto Gomes Pedrosa (o “Robertão”), o qual substituiu o Torneio Rio-São Paulo e, posteriormente, deu origem ao Campeonato Brasileiro. É verdade que, depois da conquista da Taça do Brasil, o Cruzeiro só voltou a conquistar um título nacional em 1993 (vencendo a Copa do Brasil daquele ano), mas, em 1976, o Cruzeiro conquistou a Copa Libertadores da América vencendo o River Plate por 3 a 2 na 3ª partida da final, que ocorria quando uma equipe vencia a primeira partida e a outra vencia o segundo confronto. Com a conquista, o Cruzeiro se tornou a segunda equipe brasileira a vencer a competição mais importante da América (depois do Santos). E em 1997 o Cruzeiro se tornou Bicampeão da Libertadores, desta vez vencendo o Sporting Cristal por 1 a 0 na partida de volta da final, no Mineirão, depois de empatar por 0 a 0 na partida de ida, no Peru. No entanto, nas duas vezes em que venceu a Libertadores, o Cruzeiro não conseguiu ser campeão mundial: em 1977 perdeu a chamada Copa Intercontinental para o Bayern de Munique (campeão da Liga dos Campeões da temporada europeia 1975/76) e em 1997 foi derrotado pelo Borussia Dortmund (campeão da Liga dos Campeões da temporada europeia 1996/97).
Nacionalmente, o Cruzeiro conquistou 6 títulos da Copa do Brasil (1993, 1996, 2000, 2003, 2017 e 2018) e 3 títulos do Campeonato Brasileiro (2003, 2013 e 2014), se firmando como o clube mineiro com mais títulos nacionais e sendo uma das poucas equipes brasileiras a nunca terem sido rebaixadas à Série B, até 2019.
A queda de um gigante:
Com a conquista do bi da Copa do Brasil em 2017 e 2018, o Cruzeiro iniciou 2019 com a expectativa de lutar pelo terceiro título consecutivo da competição e sonhando em acabar com a longa seca de títulos internacionais. No início de 2019, o Cruzeiro ainda chegou a conquistar o bicampeonato mineiro, e fez boa campanha na fase de grupos da Libertadores. No entanto, em meio a problemas financeiros que geraram atraso no pagamento do salário dos jogadores e até uma investigação da Polícia Civil sobre transações irregulares e uso de empresas de fachada para ocultar crimes cometidos dentro do clube, o Cruzeiro não conseguiu sustentar a sua história gloriosa. Depois de cair nas oitavas de final da Libertadores, o Cruzeiro caiu para o Internacional na semifinal da Copa do Brasil e passou a despencar na tabela de classificação do Campeonato Brasileiro. Nas últimas rodadas, quando ainda lutava pela permanência, um áudio vazado do seu principal jogador, Thiago Neves, ao então gestor de futebol do Cruzeiro, o político e empresário Zezé Perrella, cobrando salários antes de um confronto direto com o CSA na parte de baixo da tabela de classificação do Campeonato Brasileiro, acabou de vez com a força cruzeirense. O Cruzeiro não só perdeu em pleno Mineirão para o CSA na partida que poderia ter-lhe tirado da zona de rebaixamento na 35ª rodada do Brasileirão 2019, como perdeu todas as partidas seguintes até o fim do campeonato. Na última rodada, teve seu primeiro rebaixamento à Série B decretado.
O Renascimento:
Afundado em dívidas, o Cruzeiro foi incapaz de retornar à elite do futebol brasileiro em 2020, terminando a Série B apenas na 11ª colocação. No ano seguinte a situação se agravou e o Cruzeiro lutou para não ser rebaixado à Série C do Campeonato Brasileiro. Vanderlei Luxemburgo assumiu a equipe na zona de rebaixamento, lá na 15ª rodada, e conseguiu terminar a competição na 14ª colocação (tendo apenas 5 pontos de vantagem para a zona de rebaixamento). No fim deste mesmo ano, porém, mais especificamente em 18 de dezembro de 2021, foi anunciada a compra da SAF do clube por Ronaldo Nazário, o Fenômeno, formado nas categorias de base e ídolo do Cruzeiro. Ronaldo executou uma mudança drástica no planejamento de todas as áreas do clube, com saída de muita gente (inclusive do goleiro Fábio, um dos ídolos remanescentes no clube) e chegada de atletas que estivessem dispostos a reduzir o salário para crescerem junto com o novo Cruzeiro. Como resultado, neste ano de 2022 o Cruzeiro confirmou seu retorno à elite do futebol brasileiro ainda na 31ª rodada da Série B e, na rodada seguinte (com 6 rodadas de antecedência), confirmou o título antecipado.