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Tristes episódios no fim de semana  

No último domingo, tivemos dois tristes episódios no futebol brasileiro. Duas partidas tiveram seus jogos encerrados devido à violência no estádio. 

Os jogos entre Sport e Vasco da Gama pela Série B e Ceará x Cuiabá pela Série A contaram uma história já conhecida pelos torcedores aqui no Brasil. 

No confronto do Brasileirão, torcedores do Ceará brigaram entre si e protagonizaram cenas que não deveriam mais existir dentro de um estádio de futebol. Já pelo jogo da segunda divisão os torcedores invadiram o campo após uma provocação de um jogador Vascaíno que marcou um gol de empate no final da partida.

Ambos os confrontos envolviam tensões, um para não ser rebaixado e outro, para conseguir o acesso. 

A luta pela permanência na Série A 

O jogo entre Ceará e Cuiabá tinha um ingrediente historicamente favorável às tensões, ambas lutam para escapar do rebaixamento. O Ceará jogava diante da sua torcida, o que poderia parecer favorável ao time, mas o fato se tornou um pesadelo no final. 

O confronto era válido pela 32ª rodada do Brasileirão e a partida foi disputada na Arena Castelão, no Ceará. O time da casa saiu em desvantagem no jogo, pois Deyverson, atacante do Cuiabá, marcou o seu já no segundo tempo.
Com o gol do adversário, jogando em casa e com um jogador a mais boa parte do jogo, o Ceará foi para cima e conseguiu um gol já nos acréscimos com Jô. Cenário ideal para uma comemoração efusiva da torcida que estava vendo seu time ser derrotado, mas infelizmente já havia briga nas arquibancadas e as coisas só pioraram a partir dalí. Dessa forma o árbitro foi obrigado a encerrar a partida e decretar o empate.

A briga pelo acesso na Série B

ilha do retiro estadio do sport clube do recife em pernambuco
Ilha do Retiro, casa do Sport Club do Recife (Divulgação)

Sport e Vasco realizaram um jogo decisivo na Ilha do Retiro no último domingo, a partida era válida pela 35ª rodada da segunda divisão e ambos possuem chances de acesso. O ambiente do jogo era de final, só a vitória interessava para as equipes.

A briga pelo acesso, como conhecemos, é uma das mais emocionantes do futebol brasileiro. A história parece se repetir a cada ano, sempre temos um clube de grande destaque, como o Cruzeiro em 2022 e os demais fazem uma corrida emocionante até o final para conquistar a vaga na Série A. 

O Sport estava vencendo o jogo pelo placar de 1 a 0, resultado que colocava o time numa situação muito favorável em relação ao acesso. Os torcedores já cantavam a vitória quando houve uma intervenção do VAR. Um silêncio tomou conta do estádio e posteriormente foi marcado o pênalti que mudou a história dessa partida. 

O atacante vascaíno Raniel bateu e empatou o jogo, após marcar foi comemorar, mas infelizmente não tomou a melhor escolha na comemoração. Foi em direção à torcida adversária, simplesmente “na cara” das organizadas do Sport. E a consequência desse ato já deveria ter sido pensada pelo atleta antes de realizá-lo, começou uma confusão generalizada, muitos objetos foram jogados em campo e os torcedores começaram a entrar em campo, causando um verdadeiro caos na Ilha do Retiro. 

Depois de 45 minutos de uma angustiante espera, o juiz decretou o fim da partida por não ter garantias sobre a segurança e sobre a integridade física de todos que estavam presentes. 

A CBF

A Confederação Brasileira de Futebol se pronunciou sobre os ocorridos do último final de semana, a instituição adotou uma postura firme para punir os responsáveis e pediu agilidade na apuração dos casos. 

Sede da CBF no Rio de Janeiro (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

A nota na íntegra:

“A CBF lamenta os episódios de violência ocorridos nos jogos Ceará x Cuiabá, pela Série A do Campeonato Brasileiro, e Sport x Vasco, pela Série B, assim como a necessária suspensão da partida Goiás X Corinthians, ontem, pela Série A, para evitar conflitos entre torcedores.

A entidade acredita que atos como esses afastam dos estádios os verdadeiros torcedores e as famílias, os patrocinadores e a boa imagem do futebol num mundo que busca hoje novos horizontes. A CBF aguarda que o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) atue com o rigor necessário para banir os responsáveis pelas cenas chocantes ocorridas justamente no ano em que o futebol brasileiro tem muito a comemorar com os estádios lotados e os campeonatos sendo organizados com êxito nas quatro divisões.

– Estamos indignados com as imagens que vimos hoje nas duas partidas das Séries A e B do Campeonato Brasileiro, competições com números recordes de participação popular nos estádios e que está sendo marcado pelo retorno das famílias. Esperamos que o STJD tome posições duras. Nos colocamos no lugar dos pais daquela criança desmaiada em Fortaleza. Nós aguardamos que punições drásticas sejam tomadas pelo tribunal. O futebol brasileiro não tem mais espaço para a violência e o retrocesso – afirma o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.” 

Punição para os envolvidos

A grande verdade é que não há. 

Nada vai apagar da memória da mãe o desespero ao ver seu filho de 9 anos pela televisão sendo carregado pelos bombeiros após passar mal no meio da confusão no Ceará.

Nada vai devolver a sensação de segurança para uma bombeira que foi agredida com uma pedra quando já estava no gramado da Ilha do Retiro.

Nenhuma punição financeira ou com mando de campo pode tirar a sensação de medo que as pessoas que assistiam em casa tiveram com as cenas protagonizadas em ambos os jogos. 

Infelizmente o futebol, não só o brasileiro, ainda precisa atuar muito para conseguir impedir que coisas assim possam voltar a acontecer. Na história recente tivemos o desastre no estádio Kanjuruhan, em Malang, na Indonésia, que foi um dos piores desastres do futebol terminando com mais de 130 mortes. 

No Brasil há sempre um receio ao ir para o estádio, alguns vão sem vestir a camisa do próprio time para evitar algum tipo de problema no caminho, outros já passam longe das ruas já conhecidas por confrontos antes dos jogos e muitos já não saem mais de casa.

Tudo isso tem um nome, medo. Palavra que não deveria estar no vocabulário do futebol.

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