Com ousadia, ambição e investimento pesado, Atlético Mineiro deixa Flamengo e Palmeiras em 2021 e tenta se tornar a maior força nacional.
Não é demais lembrar que, lá em 2020, em meio a crise causada pela pandemia, o Atlético Mineiro investiu cerca de 200 milhões de reais em novas contratações e mais 150 milhões no início deste ano, totalizando cerca de 350 milhões em investimentos. O aporte financeiro dos chamados 4Rs do Atlético Mineiro (Rubens Menin e seu filho, Rafael, que ostentam quase 40% da MRV; Renato Salvador, proprietário da rede hospitalar Mater Dei; e Ricardo Guimarães, ex-presidente do clube e detentor de mais de 80% das ações do banco BMG) proporcionaram o movimento ambicioso e ousado que o clube precisava para se colocar entre as maiores forças do Brasil. Foram estas, inclusive, as palavras do diretor financeiro do Galo, Paulo Braz, ainda no início deste ano, quando afirmou em entrevista que “existe uma relação direta entre o investimento que você faz no futebol, nos salários que você paga, e o desempenho da equipe”. E foi exatamente isso o que aconteceu. Ainda há um futuro pela frente, no qual muita coisa pode acontecer, até porque todo este investimento que veio de fora do clube causou uma dívida bilionária para o Atlético Mineiro. Boa parte deste crédito já vai poder ser satisfeito com as conquistas do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil, além da chegada nas semifinais da Copa Libertadores, que garantiram ao clube algo em torno dos 200 milhões de reais em receitas. No entanto, ainda há um trabalho a ser feito pela direção do Galo, para que as contas se mantenham equilibradas entre gastos com os salários, as contratações e o pagamento das dívidas, e os lucros com títulos e vendas. Tudo isso vai ser fundamental para que o Atlético Mineiro se mantenha no patamar em que se colocou neste ano, no qual deixou clubes do tamanho de Palmeiras e Flamengo para trás, tanto no Campeonato Brasileiro como na Copa do Brasil (a Tríplice Coroa é considerada pela conquista do Campeonato Mineiro, no início da temporada). Na Libertadores a história foi um pouco diferente, mas o que aconteceu dentro das quatro linhas nas partidas de ida e volta contra o Palmeiras pela semifinal da competição mais importante da América, deixa evidente que o Porco e o Urubu vão precisar seguir evoluindo para não deixarem que o Galo seja o campeão em 2022 e, com isso, entre cada vez mais forte em todas as competições, ano após ano.
Com goleada histórica ao lado da torcida e outra vitória fora de casa, Atlético Mineiro fatura a Copa do Brasil e garante primeira Tríplice Coroa de sua história
Era para ser um confronto duríssimo contra o campeão da Copa Sul-Americana, um Athletico Paranaense com bem menos investimento, mas muito bem organizado dentro e fora das quatro linhas. O Atlético Mineiro chegou para a final da Copa do Brasil como o grande favorito a erguer a taça de campeão, mas o que se falava era que o Furacão poderia abalar Minas Gerais e depenar o Galo na partida da volta, na Arena da Baixada, em Curitiba (Paraná). Foi assim contra o Flamengo na semifinal e ninguém afirmava com plena certeza de que não seria assim com o Atlético Mineiro. Mas não foi. Para os atleticanos paranaenses ainda deve doer lembrar que tudo começou em um pênalti polêmico, que vem causado dúvidas e incertezas nos últimos anos: a bola na mão (ou no braço) dentro da área. Quando é, quando não é pênalti? Se o braço que toca na bola ampliar o espaço corporal é pênalti, mas muitas vezes não é marcado; se for o braço de apoio não é considerado como ampliação do espaço corporal, mas muitas e muitas vezes o pênalti é marcado nestas circustâncias. Tudo depende da interpretação do árbitro. Às vezes o VAR interfere, às vezes não, e o tema se torna cada vez mais nebuloso, e as incertezas se intensificam. Seja como for, Hulk abriu o placar para o Atlético Mineiro na primeira partida da final da Copa do Brasil, disputada em um Mineirão lotado, cobrando um pênalti marcado pelo toque no braço de Léo Cittadini dentro da área do Athletico Paranaense. Depois disso, o Galo cantou tão alto que o Furacão foi quem ficou atordoado, como que sem rumo, sem um destino exato, e se perdeu em meio ao seu próprio poder. Dentro de campo, o sistema defensivo, de contra-ataque, do técnico Alberto Valentim, se tornou a maior arma do Atlético Mineiro de Cuca, que tomou conta da partida no Mineirão e fez um atrás do outro: primeiro Hulk, depois Keno e, no segundo tempo, Eduardo Vargas duas vezes. Na partida da volta, precisando de outro placar inédito para reverter o inédito 4 a 0 do Galo, outra mão se colocou no caminho do Furacão: Pedro rocha ia abrindo o placar aos 20 minutos do primeiro tempo, mas o gol foi invalidado por toque de mão do atacante antes da finalização. Cinco minutos depois, em um contra-ataque, Keno abriu o placar para o Atlético Mineiro. O Athletico Paranaense ainda teve outro gol anulado no segundo tempo, por impedimento, e acabou perdendo também na Arena da Baixada, por 2 a 1: Hulk fez o segundo do Galo e, no fim, Jáderson conseguiu fazer o gol de honra do Furacão. Com as duas vitórias, o Atlético Mineiro levantou o título da Copa do Brasil pela segunda vez em sua história (o primeiro tinha sido em 2014, sobre o rival, Cruzeiro, na final, também com vitória na ida e na volta). Como já havia conquistado o Campeonato Mineiro no início do ano, e, mais recentemente, o Campeonato Brasileiro, com uma campanha quase impecável (somando 84 pontos – 13 a mais que o vice-líder, Flamengo), o Atlético Mineiro conseguiu, pela primeira vez, a chamada Tríplice Coroa (por levantar três taças em um mesmo ano), a qual os Alvinegros Mineiros querem (e podem) chamar de Triplete.