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Um jogo com 22 expulsões  

Não foi apenas um jogo, mas dois. O primeiro aconteceu no ano de 1954 num campeonato disputado Rio-São Paulo e o jogo estava sendo disputado entre os times: Portuguesa de Desportos e Botafogo- RJ. O jogo aconteceu no dia 20 de junho de 1954, no Estádio do Pacaembu. Com certeza esse jogo entrou para a história e não somente para a história, mas para o Livro dos recordes, o Guinness Book.

Ambos os clubes tiveram uma década de ouro com equipes memoráveis. A Lusa tem Nena, Ceci e Renato, enquanto o Fogão tem Garrincha, Floriano e Jaime.

O jogo começou quente. Portugal abriu o placar com Osvaldinho aos 16 minutos, mas o Botafogo empatou com Dino da Costa aos 17 minutos.

No entanto, o atacante português Edmur tentou desequilibrar o jogo. O melhor marcador voltou a colocar a Lusa em vantagem aos 33 minutos da primeira parte e ampliou-a aos 27 minutos da segunda parte.

Com o placar a favor da Portuguesa, os jogadores iniciaram a famosa catimba. Quer que o tempo passe, há contatos laterais e atrasos no carregamento.

Foi aos 31 minutos da etapa final que o zagueiro do Botafogo Thomé perdeu a paciência. Estava prestes a virar a cobrar o escanteio, se sentiu incomodado pelo jogador Ortega na Lusa, que tentou atrasar a sua jogada. Thomé persegue Ortega e trava uma batalha feroz partindo pra cima de Ortega e os ânimos se exaltaram tanto que logo todos os jogadores acabaram se envolvendo, incluindo os jogadores reserva. Foi uma tremenda confusão, com socos e pontapés por todos os lados.

Sem saber o que fazer para acabar com o caos, o árbitro Carlos de Oliveira Monteiro decidiu mandar todos embora. Sim, todos os atletas. Nada menos que 22 pessoas foram expulsas ao mesmo tempo.

No time do Portuguesa saíram Lindorf, Nena, Walter, Herminho, Clóvis, Sisi, Dido, Renato, Nercinho, Edmoor e Ortega. Já no Botafogo, foram Pjanovsky, Tomé, Floriano, Ruarinho, Bob, Juventus, Garrincha, Dino da Costa, Carlisle, Jaime e Vinicius.

O jogo terminou assim por falta de jogadores. Este é o recorde no futebol brasileiro de ser expulso no mesmo jogo. Naquele mesmo ano, o Corinthians venceu o Rio-São Paulo.

Esse foi o recorde do Brasil, mas infelizmente, esse “feito” se repetiu alguns anos depois no Reino Unido.

O outro jogo foi disputado em 3 de novembro de 1969 que foi entre Tongham Youth Club e Hawley. O jogo aconteceu no Reino Unido e era um time local. O motivo da “super” expulsão, foi uma briga em massa entre os jogadores da partida.

O time do Tongham Youth existe até hoje e pelo jeito aprenderam a lição, já que o feito nunca mais se repetiu.

Infelizmente a violência nos estádios é algo que volta e meia acontece e que temos notícia do Brasil e do mundo. 

Quando se trata de competitividade, a torcida acaba em algumas vezes, perdendo o controle e se confrontando com a torcida do outro time, envolvendo a polícia que faz a segurança e até prejudicando o próprio clube.

Com certeza o intuito de uma partida de futebol não é brigar, se machucar ou até matar, como infelizmente já aconteceu em alguns confrontos descontrolados entre torcedores que só pensam em confrontos verbais bem pesados e na “empolgação” e na falta do controle, se esquecem o motivo de estarem lá: assistir o jogo e apoiar o seu time.

Uma pesquisa aponta que a maioria dos torcedores que participam dessas brigas fazem parte da torcida organizada do time.

De acordo com uma investigação de 1994, o promotor Fernando Capez descobriu que 15% dos torcedores organizados tinham antecedentes criminais. De acordo com o sociólogo Maurício Murad, o percentual de torcedores violentos está entre 5% e 7%, e é difícil calcular quantos “briguentos” existem entre torcedores organizados, porque o governo federal não tem o número de torcedores organizados no país.

Atualmente uma das torcidas que mais “merece” a atenção das autoridades é a torcida do Santos Futebol Clube, já que tem um histórico assombroso de violência e a sua maioria são jovens.

Os atos de vandalismo geralmente têm como alvo a torcida rival e acontecem em sua maioria entre times do mesmo estado ou cidade.

Outro dado é que os alvos geralmente são torcedores uniformizados e segundo uma pesquisa, 15% dos envolvidos tem antecedentes criminais, e desses, entre 5% a 7% são pessoas consideradas violentas e impulsivas.

Diferentes medidas foram tomadas para conter a violência nos estádios. Reforçar o policiamento, jogos a portas fechadas, multidões clássicas únicas, proibir a entrada de instrumentos musicais, bandeiras e outros itens da multidão. Mas os eventos que mancham o esporte acontecem de novo e de novo.

Muitas vezes, pessoas que não tem nada a ver com futebol acabam atingidas por essas brigas ou confrontos. O azar de estar no lugar errado na hora errada por acontecer com qualquer um; um trabalhador voltando para casa após um dia de intenso trabalho ou um curioso apenas.

Para acabar com o ciclo de violência no esporte, surgiram as regras. Por mútuo acordo, por um longo período de tempo, os grupos rivais se respeitam e transferem pacificamente o poder aos rivais nas disputas, consideradas como esporte.

Campanhas de prevenção a violência nos estádios deveriam ser mais insistentes entre os times e suas torcidas para que houvesse uma conscientização mais efetiva e já com consequências pré-estabelecidas. Definitivamente esperar acontecer “desgraças” para que uma solução seja encontrada não é a saída. Claro que sabemos que já houveram muitas tentativas, mas a impressão que temos é que quando a “poeira” abaixa, o assunto também cai no esquecimento.

A propaganda dos times é bem bonita e geralmente até familiar, mas não sei se um estádio é um lugar seguro para os torcedores exporem suas famílias. 

Enquanto não temos uma solução definitiva e que realmente funcione, temos que usar o bom senso para ver se teremos segurança no jogo tal e assim proteger quem amamos.

Só lembrando que pessoas que estão fora de si, não estão pensando, por isso, se você estiver com sua família num estádio e ver que as coisas estão esquentando, não espere piorar. Saia e vá para casa. Com certeza será a decisão mais acertada, mesmo que “doa”. 

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