Clássico marca reencontro de Hernán Crespo com Abel Ferreira, agora como técnicos
Quase quinze anos atrás, quando Hernán Crespo brilhava no ataque da Internazionale de Milão, e Abel Ferreira era um dos principais líderes do Sporting dentro de campo, atuando pela lateral-direita, seus caminhos se cruzaram na fase de grupos da Liga dos Campeões da Europa (temporada 2006/07). Na primeira partida, já na primeira rodada, Crespo viu, do banco de reservas, Abel jogar os 90 minutos e ajudar o Sporting a vencer e conquistar os primeiros três pontos. No entanto, a equipe lusa não voltou a vencer na competição: na partida de volta entre as equipes, disputada no San Siro, em Milão, Abel Ferreira começou no banco de reservas por estar se recuperando de lesão, foi obrigado a entrar logo nos primeiros minutos (por lesão do seu substituto na lateral-direita) e acabou deixando o gramado pouco mais de dez minutos depois, machucado. Hernán Crespo, por sua vez, foi titular na partida e marcou o gol que deu a vitória para a Inter, por 1 a 0, e ajudou a equipe italiana a avançar para as oitavas de final, enquanto o Sporting sequer se classificou para a Liga Europa, pois terminou na lanterna do grupo da Liga dos Campeões. Isso tudo, porém, são águas passadas. Neste momento, como treinadores, Abel Ferreira e Hernán Crespo são mais rivais do que nunca, pois comandam duas das maiores equipes do Brasil, que são rivais históricas. E, se o ex-lateral português não pode ser comparado ao ex-atacante argentino no que diz respeito à carreira como jogador (tendo em vista as diversas conquistas coletivas e individuais de Crespo), o cenário é bem diferente na carreira como treinador. Ambos estão apenas iniciando a carreira, é verdade. Prova disso é estarem no comando de equipes sul-americanas (ou, mais especificamente, paulistas), e não de um gigante europeu. No entanto, mesmo se tratando de técnicos muito jovens, com todo um futuro, que pode ser brilhante, pela frente, muito já foi feito e conquistado por estes dois estrangeiros que comandam dois clubes gigantes do Brasil. O português está em sua sétima temporada como técnico profissional e, em pouco menos de seis meses no comando palmeirense, conquistou dois dos títulos mais importantes que um clube brasileiro pode alcançar: a Copa do Brasil e a Copa Libertadores da América. Hernán Crespo, por sua vez, está na quinta temporada como técnico, tendo conquistado a Copa Sul-Americana (2020) com o Defensa y Justicia.
Como chega o São Paulo para o clássico?
Hoje (16), às 22 horas (de Brasília), o Palmeiras recebe o São Paulo no Allianz Parque em partida válida pela quinta rodada do Campeonato Paulista. Neste momento, com cinco vitórias, um empate e apenas uma derrota sete rodadas disputadas, o São Paulo aparece no topo da tabela do Grupo B e, também, da classificação geral do Campeonato Paulista, somando dezesseis pontos. Com o mesmo número de partidas do tricolor estão apenas Corinthians e RB Bragantino, que lideram seus grupos (A e C, respectivamente) com 14 pontos somados. A única equipe que poderia superar o São Paulo no número de pontos é o Palmeiras, que tem três partidas a menos e soma oito pontos (com duas vitórias e dois empates em quatro rodadas disputadas). Para passar o tricolor, porém, o Verdão teria de vencer o clássico desta sexta-feira. No entanto, enquanto o Palmeiras vem de uma sequência desgastante de jogos, o São Paulo teve tempo para se preparar e ainda poupou a equipe titular em sua última partida. Dessa forma, se o técnico Hernán Crespo conseguir impor o estilo de jogo que demonstrou até aqui no Campeonato Paulista, o São Paulo dificilmente vai sair de campo derrotado.
Como chega o Palmeiras para o clássico?
Diferentemente de um conterrâneo seu, que entre 2019 e o início de 2020 conquistou praticamente todos os títulos que disputou, Abel Ferreira não conseguiu começar a atual temporada levantando troféus. Apesar da pausa na disputa do Campeonato Paulista por conta do crescimento da pandemia no estado de São Paulo, o Palmeiras praticamente não parou: chega de duas decisões de títulos, e perdeu ambas. No dia 7 (uma quarta-feira) o alviverde paulista foi até a Argentina para fazer a primeira partida da final da Recopa Sul-Americana, contra o Defensa y Justicia (campeão da Copa Sul-Americana com Hernán Crespo), e venceu por 2 a 1. No último domingo (dia 11), os paulistas fizeram partida única da Supercopa do Brasil, contra o Flamengo (campeão da primeira divisão nacional), e foi derrotado nos pênaltis. Na última quarta-feira (14), pela partida de volta da Recopa, disputada no Allianz Parque, em São Paulo, contra o ex-clube de Crespo, o Palmeiras saiu na frente com Raphael Veiga em cobrança de pênalti, depois de pênalti sofrido por Rony, e fez 3 a 1 no placar agregado. No entanto, em um vacilo de marcação da defesa, o experiente Matías Rodríguez encontrou Francisco Pizzini passando nas costas de Gustavo Gómez, e o atacante argentino serviu Braian Romero, que recebeu livre para empurrar pro fundo da rede. A partida seguiu muito bem equilibrada, com uma leve superioridade brasileira, até que Matías Viña foi agarrado pelo adversário e lhe revidou com um chute nas costas, acabando expulso de campo. O Palmeiras até conseguiu manter a partida equilibrada, mas o Defensa y Justicia partiu para o tudo ou nada nos minutos finais e, em uma pancada de Marcelo Benítez de fora da área, contou com uma ajudinha de Weverton para fazer o 2 a 1 e levar a decisão para a prorrogação. A decisão foi para os pênaltis no fim das contas, onde o Palmeiras viu o filme de domingo (11) se repetir, ficando com o vice. Por conta disso, a equipe de Abel Ferreira não chega para o clássico com o São Paulo em sua melhor forma psicológica e física. Alguns dos jogadores titulares, inclusive, como Rony, Raphael Veiga e Marcos Rocha, devem ser poupados pelo desgaste dos últimos jogos. No entanto, não vai ser surpresa se outros forem mantidos na equipe principal, como o lateral-esquerdo Matías Viña, além de Luiz Adriano (que está retornando após infecção pela Covid), Felipe Melo, Zé Rafael e William (reservas na última partida). Portanto, não há dúvidas de que Abel Ferreira vai levar a campo, para o clássico, uma equipe totalmente capaz de vencer. A grande dificuldade do técnico português, neste momento, é dar maior atenção a um trabalho tático específico, tendo em vista as viagens recentes e a sequência de jogos.