A goleada de 4 a 0 imposta pelo Barcelona ao Real Madrid em El Clásico do último domingo animou os catalães e ligou um sinal de alerta no Real. Vitória do Barcelona em pleno Santiago Bernabéu acaba com uma sequência de cinco derrotas no clássico.
Líderes de LaLiga, os Merengues ainda mantêm boa vantagem sobre o rival, mas há ainda adversários complicados até o fim da competição.
El Clásico foi o grande destaque da 29ª rodada de LaLiga
Neste domingo (20) o Real Madrid recebeu o Barcelona no Santiago Bernabéu, pela 29ª rodada do Campeonato Espanhol, em situação totalmente superior à do rival catalão. Classificado para as quartas de final da Liga dos Campeões após eliminar a equipe galáctica do Paris Saint-Germain nas oitavas de final, com direito a uma virada história em Madrid, ao lado da torcida no Santiago Bernabéu, o Real Madrid tinha a expectativa de voltar a dar espetáculo diante do seu torcedor no clássico contra um Barcelona que ainda buscava se reencontrar. Em La Liga, o Real Madrid não perdia há 8 rodadas, e vinha de cinco vitórias consecutivas, embalado para vencer o rival pela sexta vez consecutiva e, assim, praticamente selar o título do Campeonato Espanhol.
No entanto, o técnico Carlo Ancelotti teve de lidar com um problema gigante: a ausência do artilheiro e líder em assistências de La Liga, o atacante Karim Benzema. O camisa 9 francês, que marcou os 3 gols da vitória sobre o PSG, que deu a classificação ao Real Madrid para as quartas de final da Liga dos Campeões, e que balançou as redes outras duas vezes na vitória por 3 a 0 sobre o Mallorca na rodada anterior de La Liga, ficou fora do clássico por sentir dores musculares na panturrilha. Com isso, o italiano Carlo Ancelotti optou por não escalar um centroavante e tentou apostar no domínio do meio de campo para controlar a partida contra o Barcelona, escalando o uruguaio Fede Valverde junto com Casemiro, Kroos e Modric no meio, de forma a deixar apenas Vinícius Júnior e Rodrygo mais à frente, mas a estratégia não deu certo.
Apostando em Ronald Araújo na lateral-direita, o técnico do Barcelona, Xavi Hernández, conseguiu barrar a principal jogada ofensiva do Real Madrid: as descidas em velocidade de Vinícius Júnior. Além disso, mesmo com menos jogadores no meio de campo, o Barcelona conseguiu controlar a posse de bola porque o Real Madrid não foi capaz de efetuar uma boa marcação pressão, o que o time catalão, por outro lado, fez muito bem. E, por fim, a escalação de Ousmane Dembélé na ponta direita foi mais um grande trunfo de Xavi Hernández. Foi por lá, com o rápido atacante francês ficando no um contra um com Nacho Fernández (zagueiro que substituiu Mendy, machucado, na lateral-esquerda), que o Barcelona conseguiu marcar os dois primeiros gols. No primeiro, pouco antes dos 30 minutos do primeiro tempo, Dembélé levou para o fundo, ganhou de Nacho na velocidade e cruzou na medida para Aubameyang, que apareceu entre a dupla de zaga do Real para desviar a bola para o fundo da rede.
O Real Madrid não estava completamente apático no jogo. Nos contra-ataques, conseguiu levar perigo à meta de Ter Stegen através da velocidade de Vinícius Júnior e Rodrygo, mas faltou efetividade à dupla brasileira. Pelo lado do Barcelona, porém, tudo deu certo: além de praticamente anular as jogadas de Vinícius Júnior pela ponta esquerda do ataque do Real Madrid, o uruguaio Ronald Araújo apareceu na área no fim do primeiro tempo para completar cobrança de escanteio de Dembélé e fazer o segundo do Barça no clássico.
Depois do intervalo, Carlo Ancelotti colocou o atacante Mariano Díaz no lugar de Carvajal e reestruturou o sistema do Real Madrid: Nacho Fernández saiu da lateral-esquerda para a direita, Alaba foi da zaga para a lateral-esquerda e Casemiro recuou para fazer dupla de zaga com Éder Militão, de forma que o meio de campo ficou com Valverde, Modric e Camavinga (que entrou no lugar de Kroos). Mais uma vez, a estratégia do técnico italiano não funcionou. Exposto demais dentro de campo, o Real Madrid viu o Barcelona balançar as redes mais duas vezes em menos de 10 minutos de segundo tempo. Ferrán Torres marcou o primeiro depois de receber um passe de letra de Aubameyang, e, depois, os papéis se inverteram: Ferrán deu o passe e Aubameyang, com mais um toque de extrema categoria, encobriu Courtois para decretar o placar de 4 a 0 para o Barça.
Com a goleada, o Barcelona acabou com uma sequência de cinco derrotas consecutivas no clássico com o Real Madrid, e deu um passo importante no Campeonato Espanhol. Agora, com uma partida a menos, o Barcelona ocupa a 3ª posição da tabela, estando a 3 pontos do vice-líder, Sevilla, que será seu próximo adversário, e com 12 pontos de distância do líder, Real Madrid. Mesmo com a derrota no clássico, o Real Madrid segue na liderança isolada de La Liga e tem tudo para ficar com o título, mas um sinal de alerta foi ligado para a reta final do campeonato, até porque a equipe Merengue ainda vai enfrentar adversários muito fortes, como o Sevilla e o Atlético de Madrid. Neste momento, porém, Barcelona e Real Madrid vão ter tempo para se preparar para a reta final da temporada, pois, com a pausa para a data FIFA, só voltam a campo no início do mês que vem.
Barcelona reencontra equilíbrio com Xavi e sonha com título na temporada
Em uma de suas temporadas mais difíceis deste século, o Barcelona está conseguindo dar motivos para os torcedores comemorarem. Desde a fatídica perda de Neymar para o Paris Saint-Germain na temporada 2017/18, que se somou a saída de outros jogadores que eram pilares na estrutura da equipe, como Xavi Hernández um pouco antes e Andrés Iniesta logo após Neymar, o Barcelona já não era o mesmo. Muito se falou, nas últimas temporadas, sobre o fato de Lionel Messi parecer carregar o clube nas costas dentro de campo, e a saída do camisa 10 do Barcelona no fim da última temporada comprovou o que se falava. Sem Lionel Messi, o Barcelona teve um início desastroso nesta temporada, sob o comando de Ronald Koeman. O ex-zagueiro holandês acabou deixando o comando do clube catalão após 13 partidas (10 pelo Campeonato Espanhol e 3 pela fase de grupos da Liga dos Campeões), das quais venceu 5, perdeu outras 5 e empatou 3. Depois de mais dois empates e uma vitória sob o comando de um técnico-interino, Xavi Hernández assumiu a equipe em um clássico com o Espanyol pela 14ª rodada de La Liga, em um confronto direto na luta pela aproximação da zona de classificação para as competições europeias. A vitória por 1 a 0 no clássico catalão foi uma excelente estreia para o novo técnico, mas, depois de um empate sem gols com o Benfica pela penúltima rodada da fase de grupos da Liga dos Campeões, sofreu sua primeira derrota em um confronto direto com o Real Betis por vaga na zona de classificação para a Liga dos Campeões, pela 16ª rodada de La Liga, e acabou ficando de fora do mata-mata da Liga dos Campeões pela primeira vez em quase 20 anos (a última vez tinha sido na temporada 2003/04, na qual sequer esteve presente na fase de grupos) após uma derrota devastadora, por 3 a 0, diante do Bayern de Munique, na última rodada da fase de grupos. Desde então, porém, o Barcelona reforçou o seu elenco com as chegadas de Ferrán Torres e Pierre Aubameyang, além de Daniel Alves, Eric Garcia e Adama Traoré, e evoluiu em todas as competições que disputa. Neste momento, estando sem perder a 13 rodadas, o Barcelona venceu as últimas cinco de forma consecutiva e aparece na 3ª posição do Campeonato Espanhol mesmo tendo uma partida a menos que as demais equipes. Além disso, apesar das quedas na Supercopa da Espanha e nas oitavas de final da Copa do Rei, o Barcelona avançou no play-off e nas oitavas de final da Europa League, e chega nas quartas de final como o principal favorito ao título da segunda competição mais importante do Velho Continente.