Por vaga na final, Santos e Boca fazem clássico histórico na Vila Belmiro, reunindo nove títulos de Libertadores da América
Nesta quarta-feira (13), às 19:15 (horário de Brasília), o Santos recebe o Boca Juniors no Estádio Urbano Caldeira (a Vila Belmiro) para um clássico histórico, que vale vaga na grande final da Libertadores da América.
De um lado, o Boca Juniors ostenta 6 títulos do campeonato continental, estando atrás apenas do Independiente, que já ergueu o troféu sul-americano em 7 oportunidades. O Santos, por sua vez, está entre os times brasileiros que mais venceram a Libertadores, ao lado de São Paulo e Grêmio, todos com 3 conquistas. Ao todo, o Santos participou de 15 Libertadores, tendo chegado pelo menos às semifinais em 9 delas. Já o Boca Juniors, que exerce um grande poder nacional, está entre os times que mais vezes participou da Libertadores (29) e, tendo chegado pelo menos às semifinais em 19 oportunidades, só fica atrás do Peñarol e do rival River Plate neste quesito.
Como podemos observar, até por conta do maior equilíbrio dentro do Campeonato Brasileiro, o Boca Juniors leva uma boa vantagem no histórico da Libertadores, mas não no confronto direto com o Santos. Neste ano (2020), Santos e Boca se enfrentam nas semifinais da competição continental pela primeira vez. Nas outras duas vezes em que se encontraram na Libertadores, em 1963 e em 2003, brasileiros e argentinos fizeram a decisão do campeonato, com um título para cada lado. Na primeira vez em que se enfrentaram, o Santos de Pelé buscava o bicampeonato e ostentava amplo favoritismo. E na partida de ida, no Maracanã, começou fazendo 3 a 0 ainda antes da etapa inicial completar 25 minutos, mas o Boca Juniors diminuiu para 3 a 2 e levou a decisão para Buenos Aires, em seu tradicional estádio: La Bombonera. Além do conhecido estilo agressivo, tradicional dos clubes argentinos principalmente naquela época, os jogadores do Boca Juniors eram conhecidos por desestabilizar os adversários psicologicamente, através de meios pouco convencionais, além da forte pressão da torcida desde antes de a partida começar. E parecia que daria certo quando o primeiro tempo terminou em 0 a 0 e, logo no início do segundo, o artilheiro José Sanfilippo colocou o Boca na frente do placar. Mas Coutinho acabou com a festa argentina menos de 5 minutos depois, deixando tudo igual para o Santos, e Pelé decretou a vitória nos minutos finais, após entortar a defesa do Boca: 2 a 1 placar final e 5 a 3 no agregado.
Quarenta anos depois, em 2003, Santos e Boca Juniors voltaram a se enfrentar na final da Copa Libertadores da América. Mais uma vez, o Santos e seus meninos da Vila (com Robinho, Diego e companhia) eram vistos com certo favoritismo, ainda que o Boca Juniors tivesse avançado à final com vitória por 4 a 0 sobre o América de Cali (6 a 0 no agregado) e ostentasse um elenco bastante qualificado. No entanto, os argentinos conseguiram segurar a velocidade ofensiva santista e, com dois de Marcelo Delgado, venceram por 2 a 0 em La Bombonera. Na partida da volta, Carlos Tevez abriu o placar em um vacilo defensivo do Santos, que chegou a deixar tudo igual no segundo tempo, em pancada de Alex, mas teve que ir para o tudo ou nada nos minutos finais e acabou sofrendo mais dois gols, que decretaram outra vitória do Boca Juniors (5 a 1 no agregado).
Tevez volta a enfrentar o Santos, mas em situação completamente diferente
Neste ano, pela semifinal da Libertadores, o agora experiente Carlitos Tevez volta a enfrentar o Santos pela competição mais cobiçada da América do Sul. No entanto, o Boca Juniors, e também o Santos, não é mais o mesmo de 17 anos atrás. Ao lado de Tevez, que era ainda um garoto de 20 anos (com um evidente diferencial, diga-se), estavam nomes como o do goleiro Pato Abbondanzieri, do zagueiro Nicolás Burdisso e, claro, dos companheiros de ataque Guillermo Schelotto e Marcelo Delgado, o qual terminou como artilheiro da Libertadores de 2003, com os mesmos 9 gols de Ricardo Oliveira, então camisa 9 do Santos. Agora, aos seus 36 anos e com um beijo na boca do ídolo Maradona em seu histórico, dentre diversos outros títulos, Carlitos Tevez carrega a camisa 10 de um dos gigantes da Argentina, mas tem ao seu lado jogadores como Sebastián Villa e Eduardo Salvio. Inclusive, eles foram os responsáveis pelos gols que deram a vitória por 2 a 0 sobre o Racing Club, que deram ao Boca Juniores a classificação para as semifinais da Libertadores. No entanto, no primeiro jogo desta semi, o que pudemos perceber em campo foi um Tevez um tanto isolado no campo de ataque, e reclamando bastante da incapacidade do Boca em chegar ao campo de ataque com qualidade para levar perigo à meta do Santos. Na verdade, o que ficou bastante evidente durante o primeiro jogo, disputado em pleno estádio da Bombonera (que também é um famoso bairro buenairense), foi que o Santos tem totais condições para avançar e até a responsabilidade de ir à final, como dizem os próprios jornais argentinos. E o Peixe já poderia ter saído na frente do placar no primeiro jogo, se não fosse por um pênalti claro em Marinho, que sequer foi computado pelo árbitro no vídeo. Além de que, verdade seja dita, a marcação do Boca Juniors siga forte com jogadores como Carlos Izquierdoz (zagueiro) e Jorman Campuzano (volante). Do outro lado, porém, Marinho e Soteldo mostraram o algo a mais ofensivo que o Boca não teve e o Santos sobrou com a capacidade de Lucas Braga para abrir espaços com jogadas individuais pelos lados do campo, sem contar a categoria de Diego Pituca para organizar o meio de campo alvinegro. Todos eles vão estar disponíveis para jogar a partida da volta, na Vila Belmiro, às 19:15, que vai ser transmitida pelo Fox Sports em TV fechada. Apenas o goleiro John, que vinha sendo mantido como titular pelo bom desempenho, vai estar de fora por ter testado positivo para a Covid, mas não traz grande preocupação aos torcedores santistas, pois o até então titular João Paulo é quem deve retornar para a posição.