O DÉRBY DE MADRID COM NOVOS PERSONAGENS
No início da partida, um velho conhecido do clássico de Madrid, Sergio Ramos, começou a partida de forma estranha. Ainda aos 15 minutos de jogo, o zagueiro merengue foi tentar sair jogando e entregou a bola nos pés de João Felix, que dominou em grandes condições na entrada da área. O jovem atacante português tentou concluir a jogada com rapidez, buscou a finalização mesmo pressionado por Varane e acabou mandando pra fora.
Concluir era exatamente o problema a ser resolvido pelo Atlético de Madrid, que sufocou o adversário durante grande parte da primeira etapa, mas só foi exigir uma defesa de Courtois aos 34 minutos do segundo tempo. Oblak também não foi muito cobrado pelo sistema ofensivo do Real Madrid, que teve sua melhor oportunidade em uma jogada iniciada por Rodrygo, que entrou no segundo tempo.
O brasileiro deixou Jovic em boas condições na linha de fundo e, após desvio da defesa, a bola chegou limpa para Federico Valverde na pequena área, mas o uruguaio cabeceou tão mal que a bola bateu em sua própria perna antes de sair pela linha de fundo.
E, além da boa participação em uma das melhores chances do Real Madrid na partida, também esteve nos pés de Rodrygo a última oportunidade de marcar no tempo regulamentar. Já nos acréscimos do segundo tempo, o “menino da Vila” ficou com a sobra em cruzamento de Carvajal na área do Atlético, matou no peito e bateu firme, pressionado, para talvez a melhor defesa de Oblak no jogo.
A partida ficou mais aberta na prorrogação. O time de Diego Simeone mais uma vez começou melhor, mas Zinédine Zidane promoveu as entradas de Vinícius Junior e Mariano, que deram mais movimentação ao ataque e fizeram surgir espaços na defesa adversária. O atacante dominicano, Mariano, deu passe para finalização de Modric que levou perigo e teve sua chance de marcar no rebote, mas, assim como o companheiro, parou em defesa de Oblak.
A vitória esteve mesmo nos pés do atacante espanhol Álvaro Morata, pelo lado do Atlético de Madrid, já no segundo tempo da prorrogação. Em contra-ataque após cobrança de escanteio, Carvajal e Valverde se atrapalharam e Morata recebeu lindo passe de Saúl para sair na cara do gol. No entanto, antes que o atacante colchonero fizesse a finalização, Valverde o acertou com um chute por trás para fazer a falta e evitar o gol que deveria dar a vitória ao Atlético.
O meia de 21 anos acabou sendo expulso e, mesmo assim, foi eleito o melhor jogador da final. Apesar de ter perdido uma grande oportunidade no jogo e ter sido expulso pela falta estrategicamente cometida, a qual levou a decisão para os pênaltis, o uruguaio foi crucial para o funcionamento da ligação entre o meio de campo e o ataque do Real. Pelo lado do Atlético, o que funcionou muito, mais uma vez, foi seu sistema defensivo. O zagueiro brasileiro Felipe, que iniciou a carreira no Bragantino e teve boa passagem pelo Corinthians, foi eleito o melhor jogador do Atlético de Madrid pelo jornal espanhol “Marca”. O jornal “Ás”, também de Madrid, exaltou a contratação do brasileiro e o classificou como um “muro”, no sentido de que não deixou passar nada.
Se de um lado o Real Madrid encontrou pela frente um muro e, de outro, o Atlético viu sua chance de vitória escapar por uma falta inteligentemente cometida, nada seria mais justo do que as penalidades. O Real Madrid iniciou as cobranças alternadas com Carvajal, que deslocou Oblak com tranquilidade para marcar.
Pelo lado do Atlético de Madrid, Saúl Ñiguez também tirou do goleiro (Courtois), mas parou na trave. Na segunda penalidade para o Real Madrid, Rodrygo foi uma grande surpresa para todos. “Tentei esperar por ser minha primeira final, por ter jogadores mais experientes, por respeito, mas Toni Kross me disse para bater. Marcelo também estava lá e Toni disse: ‘Rodrygo! Rodrygo!'” contou o atacante de apenas 18 anos de idade.
E Rodygo não decepcionou, mandando no ângulo para converter o segundo do Real Madrid. Modric fez o terceiro. Foi só na terceira cobrança que o Atlético conseguiu marcar, com o lateral inglês Trippier (ex-Tottenham). Antes dele, Thomas Partey parou em Courtois. Na penalidade decisiva, Sergio Ramos, capitão do Real Madrid, venceu Oblak, capitão do Atlético, e confirmou o título da Supercopa da Espanha aos merengues.
VELHOS CARRASCOS DOS COLCHONEROS
Na final da Supercopa da Espanha deste domingo, Zinedine Zidane manteve a hegemonia do Real Madrid diante de seu rival local. É claro, porém, que o zagueiro e capitão Sergio Ramos é uma grande figura no clássico. Além de ter convertido o pênalti que garantiu o décimo primeiro título da Supercopa da Espanha ao Real Madrid, Sergio Ramos também foi decisivo nas duas conquistas do Real, na Liga dos Campeões, sobre o Atlético de Madrid.
Foram as duas maiores chances dos colchoneros de conquistar a competição europeia pela primeira vez, mas Sergio Ramos apareceu como herói dos merengues (carrasco dos rivais). De sobra, os merengues carregam consigo treze títulos da Liga dos Campeões: 13 a mais que o Atlético de Madrid e mais que o dobro de troféus de qualquer outro clube.
No entanto, apesar de os títulos da Liga dos Campeões serem os mais levados em consideração, o Atlético de Madrid também teve seu momento de glória diante do “primo rico”. Em se tratando de finais de competições espanholas, Diego Simeone ainda não havia perdido para o Real Madrid. Já em sua primeira temporada à frente da equipe colchonera, na temporada 2012/13, o técnico argentino bateu o time “galáctico” na final da Copa do Rei.
Depois de vencer “La Liga” na temporada seguinte, o Atlético de Diego Simeone encarou o Real Madrid na final da Supercopa da Espanha e se sagrou campeão ao vencer o rival por 1 a 0 no Vicente Calderón. Até mesmo a Supercopa Europeia de 2018 os colchoneros conquistaram com vitória sobre os merengues na final. Isso poderia indicar que o jogo estava virando mais uma vez, mas Julen Lopetegui era o técnico merengue àquela altura.
Com Zinédine Zidane a história é outra. O técnico francês simplesmente não perdeu nenhuma final de campeonato comandando o Real Madrid, tendo chegado ao seu décimo título como treinador com a vitória sobre o Atlético de Madrid pela final da Supercopa da Espanha de 2020 neste domingo. Foi a primeira vez que a competição foi disputada no início do ano, na Arábia Saudita e entre clubes que não foram campeões nacionais na temporada anterior. O campeão da Liga (Barcelona) e o campeão da Copa (Valência) disputaram a semifinal do novo formato do torneio e foram derrotados, respectivamente, por Atlético e Real, que protagonizaram a final.