Líder isolado e muito próximo de mais um título de Premier League, Manchester City é mais favorito do que nunca na Liga dos Campeões
Em meio a uma pandemia que abalou as estruturas de muitos clubes gigantes da Europa, seja na parte financeira ou mesmo dentro de campo, com problemas por casos de infecção pela Covid e em razão do maior número de lesões, causado pela sequência exaustiva de jogos, muitos clubes que dominavam suas competições nacionais estão encontrando grande dificuldade para manter a hegemonia. Um grande exemplo disso está no Campeonato Italiano, onde a Juventus, depois de erguer o troféu por nove temporadas consecutivas, ocupa apenas a 4ª posição da tabela da Série A Tim (primeira divisão italiana), estando dez pontos atrás da líder (Internazionale) com a competição já caminhando para a 29ª rodada. Algo semelhante acontece na Espanha, onde Barcelona e Real Madrid estão com dificuldade para acompanhar o ritmo do embalado e motivado Atlético de Madrid de Diego Simeone. Na Inglaterra é o atual campeão, Liverpool, que sofre. A badalada equipe de Jürgen Klopp chegou a quebrar diversos recordes com a sequência de vitórias e a distância que abriu em relação aos concorrentes nas últimas temporadas, mas é apenas o 7º colocado em 29 rodadas disputadas na atual edição da Premier League. O Liverpool o zagueiro Virgil van Dijk e, junto com ele, toda a sua segurança defensiva. Para piorar, com a ausência dos torcedores nas arquibancadas, o rendimento da equipe caiu de forma drástica nas partidas disputadas em Anfield Road. Grande parte do problema pelo qual estes gigantes da Europa estão passando no momento se dá pela falta de planejamento e responsabilidade financeira. O caso do Liverpool aparenta ser um pouco diferente, mas Juventus, Barcelona e Real Madrid perderam, nas últimas temporadas, jogadores fundamentais na estrutura do time dentro de campo e estão tendo problemas para se reconstruir.
No entanto, nem todas as equipes tomaram este caminho. Na Alemanha, por exemplo, o Bayern de Munique caminha a passos largos em busca da nona conquista consecutiva da Bundesliga (Campeonato Alemão). É algo semelhante ao que acontece com o Manchester City, que continuou reforçando seu elenco, principalmente o sistema defensivo, e, assim, conseguiu manter uma sequência impressionante. Mesmo com problemas de lesão no elenco durante esta temporada (Aké, Laporte, Agüero e, mais recentemente, até Kevin de Bruyne desfalcaram a equipe), o técnico Pep Guardiola conseguiu manter o nível de competitividade do Manchester no patamar mais alto possível. Resultado: os Cityzens sofreram apenas três derrotas (todas pela Premier League) nas 46 partidas que disputou na atual temporada, tendo vencido 80% (36) delas. Diferentemente de outras temporadas, em que as equipes de Pep Guardiola encantavam pela capacidade ofensiva que apresentavam, o atual Manchester City vem se destacando, principalmente, no setor defensivo. Na temporada 2017/18, por exemplo, quando Guardiola conquistou a Premier League pela primeira vez e, logo de cara, quebrou o recorde de pontos, o City teve média de 2,5 gols marcados e de 0,8 sofrido por partida. Na atual temporada, a média de gols marcados caiu levemente, para pouco menos de 2,3 por jogo, enquanto a média de gols sofridos foi para pouco mais de 0,5 por jogo. Ou seja, enquanto o Manchester City sofria uma média de quatro gols a cada cinco jogos na temporada 2017/18, agora sofre praticamente um gol a cada dois jogos. Não à toa a equipe inglesa ficou os últimos três jogos sem ser vazada.
Praticamente garantido na Premier League, City busca conquista inédita da Liga dos Campeões
O Manchester City é cotado para vencer a principal competição de clubes da Europa desde antes de o técnico Pep Guardiola ter sido contratado, na temporada 2016/17. Uma temporada antes, o City fazia a melhor campanha de sua história ao chegar nas semifinais, mas acabou eliminado para o Real Madrid em razão de um gol contra do volante Fernando, o único marcado nas partidas de ida e volta. Só que, ao invés do Manchester City evoluir na Liga dos Campeões depois da chegada do badalado Josep Guardiola, a inédita conquista se tornou um trabalho árduo e quase inalcançável. Depois de cair nas oitavas de final para o Mônaco em sua primeira temporada, o Manchester City caiu nas quartas nas últimas três edições (duas delas diante de outros clubes ingleses). Na última temporada, as quartas de final foram disputadas em partida única e o Manchester City acabou sendo surpreendido pelo contra-ataque rápido do Lyon, que avançou com vitória por 3 a 1, mas acabou sendo uma presa fácil demais para o Bayern de Munique nas semifinais. Manchester e Bayern eram os favoritos para a conquista da última Liga dos Campeões e mais uma vez são os dois mais cotados para levantar o troféu. E, como as chaves do mata-mata da Liga dos Campeões já foram predefinidas no sorteio dos confrontos válidos pelas quartas de final, é certo que, se City e Bayern avançarem, se enfrentam nas semifinais. Teoricamente, o Manchester City possui um elenco mais capaz de definir grandes jogos (Gundogan, de Bruyne e Sterling são os principais, mas não os únicos jogadores do City que estão bem acima da média, pois o time também conta com nomes como Mahrez, Bernardo Silva e Kun Agüero, que podem ser tão decisivos quanto os outros, mas são menos constantes, ao menos neste momento). No entanto, além do peso de uma camisa que ostenta seis títulos de Liga dos Campeões, o Bayern de Munique possui uma equipe mais acostumada com jogos de mata-mata, pois une a experiência de jogadores como Thomas Müller, Jérôme Boateng e Manuel Neuer (bicampeões da Europa e campeões mundiais com a Alemanha) com a capacidade de alguns jogadores mais jovens, como Kingsley Coman (autor do gol do título da temporada passada) e Leroy Sané (ex-City). No entanto, para se encontrarem nas semifinais, Bayern e Manchester vão ter de passar por PSG e Borussia Dortmund, respectivamente, nas quartas. Enquanto os bávaros reeditam a final do ano passado enfrentando os parisienses e esperam reeditar também a vitória, os ingleses vão ter a dura missão de segurar um “cometa” chamado Erling Haaland (artilheiro isolado da Liga dos Campeões, com dez gols).