Meninos da Vila desafiam “melhor futebol do Brasil” e tornam o Santos o maior semifinalista do Brasil.
Na última quarta-feira (09), o Santos recebeu o Grêmio na Vila Belmiro para definir um lugar nas semifinais da Copa Libertadores da América. Pela própria grandeza histórica das duas equipes (principalmente em competições internacionais), confronto já poderia ser considerado um dos maiores do Brasil, mas era apimentado por ser mais uma decisão. Santos e Grêmio já haviam se enfrentado pelo mata-mata da Libertadores antes: nas semifinais de 2007, quando o Grêmio avançou pelo critério do gol marcado fora de casa, com 3 a 3 no placar agregado. O Grêmio também levava vantagem em um histórico mais recente, pois esteve nas semifinais da Libertadores nos últimos três anos (2017, 2018 e 2019), e tentava alcançar o feito pelo quarto ano consecutivo. Sob o comando de Renato Portaluppi desde 2016, o Grêmio sempre costumou crescer nas decisões, principalmente em se tratando de Libertadores da América, e vinha surpreendendo ainda mais nesta temporada ao apresentar um futebol sólido nos campeonatos. Vivendo uma inédita invencibilidade no comando do tricolor gaúcho (18 jogos sem perder), o técnico Renato Portaluppi voltou a afirmar que sua equipe apresentava o melhor futebol do Brasil. Já do outro lado, o Santos chegava desacreditado por conta dos problemas que se acumularam durante a temporada e seguiram para a decisão. Em meio à renúncia de presidente, atraso de salários, acúmulo de dívidas e surto de coronavírus, o técnico Cuca conseguiu manter o Santos uma equipe competitiva e com a essência jovial que sempre a acompanha. Sem o camisa 10, Yeferson Soteldo (Covid), o experiente Carlos Sánchez (machucado) e Diego Pituca (suspenso), Cuca foi à campo com 6 jogadores revelados pelo próprio Santos (2 deles com menos de 20 anos), além de Marinho, que não foi revelado, mas passou pelas categorias de base do alvinegro praiano. Foi nestas condições que o Santos chegou para a partida mais importante da temporada, ao menos até aquele momento. Além da vaga na semifinal da Libertadores, a vitória deixou o Santos ao lado do São Paulo no número de participações em semifinais (9), apesar de o Grêmio ainda ser o clube brasileiro que mais vezes chegou nesta fase da competição (10).
Goleada do Santos na Vila Belmiro surpreende e demonstra força na busca pelo tetra.
Mesmo em meio à tantos problemas, o Santos empatou em 1 a 1 com o Grêmio na primeira partida, em Porto Alegre, e foi com tudo em busca da vitória na volta, na Vila Belmiro. E logo na saída de bola, Jean Pyerre errou passe para trás, para David Braz, e Kaio Jorge aproveitou o vacilo para marcar um dos gols mais rápidos da Libertadores, com apenas 11 segundos de jogo. E o Santos só não aumentou a vantagem aos 2 minutos porque Vanderlei fez grande defesa em chegada de Marinho na cara do gol. O Grêmio até conseguiu responder ainda aos 5 minutos de jogo, quando o Santos errou na saída de bola e Diego Souza deixou Jean Pyerre na cara do gol, mas o meia acabou mandando por cima. O tricolor gaúcho conseguiu entrar na partida depois da chance, mas exatamente quando passava a gostar mais do jogo, Marinho puxou contra-ataque fatal para o Santos, deixando com Sandry no meio e partindo em arrancada sem a bola. O volante do Santos lançou para Lucas Braga, que arrancou pela ponta esquerda e cruzou rasteiro na área para Marinho soltar a canhota e estufar a rede. A partida seguiu mais equilibrada até o fim do primeiro tempo, mas logo depois do intervalo, antes ainda dos 10 minutos do segundo tempo: Marinho cruzou na primeira trave, Lucas Braga desviou levemente e a bola ficou para Kaio Jorge fazer o 2º dele na partida (o 5º na Libertadores) e o 3º do Santos. O Grêmio até conseguiu descontar na reta final, com Thaciano aproveitando cruzamento de Ferreirinha para testar pro fundo da rede, mas o Santos acabou com a chance de reação do adversário ao fazer mais um depois de uma jogada surpreendente do zagueiro Laércio. Placar final: Santos 4 x 1 Grêmio (5 x 2 no agregado). Agora o Santos pensa em igualar o Grêmio no número de finais (5), tendo disputado 4 até aqui. Destas 4, o Santos venceu três e é, ao lado de Grêmio e São Paulo, o maior vencedor brasileiro da Libertadores. Caso vá à final e conquiste o (possivelmente mais improvável) título da atual edição da Libertadores, o Santos chega ao tetracampeonato e se torna o brasileiro com mais títulos da competição continental.
Cuca espera vencedor de Racing x Boca nas semifinais. Palmeiras enfrenta o River.
Também na quarta-feira, o Racing, que superou o Flamengo nas oitavas de final, recebeu o Boca Juniors no Avellaneda para a partida de ida das quartas de final. O Boca, que é o time que mais vezes disputou a decisão da Libertadores (11) e o segundo que mais vezes venceu (6), até fez uma boa partida fora de casa, mas em um vacilo defensivo Lorenzo Melgarejo recebeu de Eugenio Mena livre de marcação na área e marcou o único gol da partida, que deu a vitória por 1 a 0 ao Racing. A decisão, que vai acontecer em La Bombonera, está marcada para a próxima quarta-feira (23) porque o Boca teve partida das oitavas de final, contra o Internacional, adiada por conta da morte de Diego Armando Maradona. Quem avançar (o Racing tem a vantagem do empate) enfrenta o Santos na grande final. Do outro lado da chave, o Palmeiras, que se classificou ao vencer o Libertad por 3 a 0 no Allianz Parque (depois de empatar em 1 a 1 no Paraguai), espera o vencedor de River Plate x Nacional na semifinal. O time de Buenos Aires, que é comandado por Macelo Gallardo há 6 anos, venceu por 2 a 0 na partida de ida, jogando em casa, em tem grandes chances de avançar. Vale lembrar que o River Plate foi campeão em 2018 e finalista no ano passado.