Duelo com o Cuiabá, no estádio Independência, em belo Horizonte (MG), pode ser última chance do Cruzeiro se manter vivo pelo acesso à Série A.
A 32ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro começa nesta terça-feira (29), às 19:15 (horário de Brasília), com a partida entre Avaí (9º colocado) e CRB (14º colocado), que, assim como a partida entre Cruzeiro (12º colocado) e Cuiabá (3º colocado), que acontece às 21:30, vai ser transmitida pelo SporTV1, em canal fechado. A equipe cruzeirense, que disputa a Série B pela primeira vez em sua história, vem de empate com o Avaí e derrota de virada para a Ponte Preta. Os resultados foram totalmente desastrosos para o Cruzeiro, que viu a distância para a zona de acesso para a Série A passar de 7 para 9 pontos, agora com apenas 21 pontos a serem disputados até o fim do campeonato. E na partida desta terça-feira, o Cruzeiro enfrenta mais uma decisão e, talvez, seja sua última chance de se manter com alguma chance de retornar ao seu “habitat natural” – a Série A. Isso porque seu adversário, atualmente na 3ª posição da tabela, com 10 pontos de vantagem para o Cruzeiro, é um dos que a equipe mineira ainda pode alcançar para conquistar o acesso à elite brasileira.
Como o gigante Cruzeiro foi para na Série B pela primeira vez em sua história?
Fundado em 1921, o Cruzeiro computa um total de sete títulos continentais (entre eles dois da Libertadores da América), além de ter vencido o Campeonato Brasileiro em três oportunidades e a Copa do Brasil outras seis vezes. Ainda em 2018, o Cruzeiro conquistou o bicampeonato da Copa do Brasil e era tido como um forte concorrente na luta pela Libertadores de 2019, mas uma crise institucional acabou com o sonho dos torcedores e marcou o ano em que o clube foi rebaixado à Série B do Campeonato Brasileiro pela primeira vez em sua história. O início de 2019 até foi animador para a torcida, pois a Raposa venceu o título do Campeonato Mineiro sobre seu arquirrival, o Galo, e se classificou com tranquilidade na fase de grupos da Libertadores. Além de tudo isso, a equipe então comandada por Mano Menezes vinha confiante em busca de um tricampeonato da Copa do Brasil, mas isso até a Polícia Civil investigar e descobrir irregularidades nas finanças do clube, incluindo lavagem de dinheiro e apropriação indébita. Em meio aos problemas financeiros e a investigação de seus dirigentes por parte da Polícia Civil, outras questões para além das quatro linhas interferiram nos resultados do time dentro de campo. O principal jogador cruzeirense até então, Thiago Neves, símbolo do bicampeonato da Copa do Brasil, se tornou centro de diversas polêmicas, incluindo um áudio enviado a José Perrella, no qual mostra intimidade com o então gestor de futebol do Cruzeiro (“fala, Zezé”) e cobra os salários atrasados para que o rendimento da equipe melhore dentro de campo. No fim, os pagamentos não foram feitos, o Cruzeiro perdeu para o praticamente rebaixado CSA e a crise se instalou de vez na Raposa. Até mesmo Rogério Ceni, que chegou a ser contratado para “salvar” o clube do primeiro rebaixamento da história, acabou sendo “chutado” pela diretoria por não fazer as vontades dos medalhões da equipe (um atrito com o zagueiro Dedé acabou sendo o fim da relação Rogério-Cruzeiro). Como resultado, o lado azul de Minas Gerais amargou o rebaixamento à Série B e, para piorar, o clube foi punido pela FIFA por não cumprir o “fair-play financeiro”, tendo que começar o campeonato já na última posição da tabela, com seis pontos negativos.
Há 7 rodadas do fim da Série B, Cruzeiro faz as contas e precisa cumprir “missão impossível” para subir
Neste ano, além de todos os problemas financeiros que o novo presidente Sérgio Santos Rodrigues naturalmente já tinha que enfrentar à frente do Cruzeiro, a pandemia do Covid-19 tornou as coisas ainda piores. O clube optou pela manutenção do trabalho de Adílson Batista, que havia terminado a temporada anterior no comando cruzeirense, e o início foi animador. O Cruzeiro ficou invicto no Campeonato Mineiro até a 7ª rodada, mas, mais tarde, uma derrota no primeiro clássico com o Atlético Mineiro, seguida pela eliminação da Copa do Brasil logo na primeira fase (após derrota por 2 a 0 para o CRB), colocaram o trabalho de Adílson Batista em xeque e Enderson Moreira foi anunciado para assumir o comando técnico da Raposa logo após o último jogo antes da paralisação de 4 meses do futebol brasileiro por conta da pandemia. Mais uma vez o início de trabalho foi animador: seis vitórias consecutivas e a impressão de que o retorno para a Série A seria uma questão de tempo. No entanto, à partir da 4ª rodada da Série B (o sétimo jogo de Enderson Moreira no comando técnico da equipe), o Cruzeiro desandou no campeonato, ficou seis rodadas sem vencer e mais uma vez o clube optou por trocar de treinador. Sob o comando de Ney Franco foram duas vitórias, um empate e quatro derrotas em sete partidas, e o Cruzeiro anunciou a demissão do terceiro treinador na temporada. Para não se precipitar mais uma vez, o clube mineiro ficou duas partidas sob o comando do interino, até que fechou acordo com o gaúcho Luiz Felipe Scolari. Experiente, com títulos como o da Copa do Mundo, o treinador se arriscou ao aceitar o trabalho à frente de uma equipe em crise e na penúltima posição da tabela da Série B. No entanto, a equipe encaixou sob o comando de Felipão: desde então foram 15 partidas, 7 vitórias, 6 empates e apenas 2 derrotas. Uma destas derrotas, porém, na última rodada, diante da Ponte Preta, tornou quase impossível o acesso do Cruzeiro para a Série A. Isso porque a Raposa estacionou na 12ª posição, estando 9 pontos distante da 4ª posição, que é a última que garante a subida para a Série A do Campeonato Brasileiro. Faltando apenas 7 rodadas para o fim do campeonato, 21 pontos estão em jogo, e o Cruzeiro precisar conquistar pelo menos 15 para ter alguma chance de acesso.