O Corinthians faz história no futebol feminino. Ao golear o Internacional por 4 a 1, sábado (24), em Itaquera, conquistou o Tetra do Brasileiro Feminino.
De quebra, ainda quebrou dois recordes: passou a ser dono do maior público e da maior renda em um jogo de futebol feminino na América do Sul. Na decisão da Neo Química Arena, estavam presentes exatamente 41.070 torcedores, totalizando uma renda de R$ 900.981,00.
Números esses muito celebrados pela torcida, e o que poucos sabem, é que esses números, superam o de muitos times da série A do Campeonato Masculino, mostrando a mudança e a importância da valorização do “feminino” no futebol.
Até o momento e com as 270 partidas disputadas pelo Brasileirão em 2022 por diversos clubes, não conseguiram superar a renda obtida pelo timão feminino. Arrecadando 62,25% dos jogos do Brasileirão Masculino.
Brabas conquistaram quarto título brasileiro na moderna arena de Itaquera
O jogo de volta da final do Brasileiro Feminino 2022 foi disputado na Neo Química Arena, que fica na zona leste da cidade de São Paulo. Foi lá que as Brabas (como é chamado o time feminino de futebol corintiano) teve uma bela atuação diante das chamadas Gurias Coloradas.
Até a conquista do título, as Brabas corintianas perderam apenas uma partida no torneio todo: 2 a 0 para o Palmeiras, rival que superou nas semifinais com duas vitórias, por 2 a 1 em Itaquera e por 4 a 0 em pleno Allianz Parque.
Sobre a partida que rendeu o Tetra para o Timão, logo no começo do jogo a jogadora Gabi Zanotti balançou a rede, porém o lance foi anulado pelo árbitro de vídeo. O Internacional chegou em cobrança de escanteio e abriu o placar, aos 14 minutos, com Sorriso, mas as donas da casa não se deixaram abater e mantiveram o foco impondo sua superioridade, até buscar a virada.
O empate veio aos 23 minutos, em cruzamento de Yasmim completado por Jaqueline. Aos 46, foi a vez de Tamires cruzar e Diany marcar de cabeça, contando com desvio na rival Bruna Benites. Já indo pro final, aos dois minutos, Vic Albuquerque recebeu passe de Gabi Portilho e finalizou com precisão, de pé direito. E aos 47, com Jaqueline, virou a goleada, ampliando uma festa inédita no Brasil e na América do Sul.
O apito final é sempre um momento único e a Fiel vai agora conosco no momento em que as Brabas conquistaram o tetra brasileiro!
Ah, também tem um recadinho da mágica @vicalbuquerq pic.twitter.com/DQ3WAIuCbV
— Corinthians Futebol Feminino (@SCCPFutFeminino) September 24, 2022
Foco, persistência e entrosamento no time com certeza fizeram toda a diferença nesse ano de 2022.
História do futebol feminino do Corinthians
A equipe feminina do Corinthians foi fundada em 1997; claro que ela passou por alguns momentos de instabilidade e de forma irregular, sendo desativada no biênio 2008-09. Uma jogadora muito conhecida no início foi a Milene Domingues, conhecida como a rainha das embaixadinhas, que ficou no clube de 1997 até 2001, quando se transferiu para o futebol europeu. Acabaram ficando paradas durante sete anos até 2016.
O Corinthians anunciou seu retorno no dia 27 de janeiro de 2016, através de uma parceria com o Grêmio Osasco Audax. Essa parceria durou dois anos e foi daqui que as primeiras conquistas vieram. Foi nesse ano de 2016 que a equipe se tornou campeã pela primeira vez e já garantiu a classificação para a Copa Libertadores de 2017 e na qual também foi campeã invicta.
No fim de 2017 a parceria com o Audax se encerrou e a partir daí o time passou a ter gestão própria. A partir de 2018 a ex-conselheira Cris Gambaré, assumiu a responsabilidade de continuar com a evolução do time feminino. Nesse ano a jogadora Milene Domingues volta agora como embaixadora do clube de futebol feminino.
Já em 2019 contrata vários nomes reforçando o time ainda mais. Ao longo da temporada, o time conseguiu uma sequência de 34 vitórias seguidas, o que nunca antes havia sido alcançado no futebol (masculino ou feminino), chegando assim nas finais do campeonato brasileiro feminino, do paulista feminino] e da Libertadores.
É TETRAAAAA! É TETRAAAA! 💜
O Corinthians não é mais o mesmo? O Corinthians é sempre o Corinthians, as Brabas são cada vez mais Brabas e o futebol feminino brasileiro segue com as mesmas donas pela quarta vez!
Tem que respeitar quem chegou onde elas chegaram! VAAI, CORINTHIANS! pic.twitter.com/l2TkKHMzSX
— Corinthians Futebol Feminino (@SCCPFutFeminino) September 24, 2022
Em 2020, o Corinthians anunciou que todas as jogadoras do seu time feminino teriam seus contratos profissionalizados, sendo o primeiro clube da América do Sul a fazer tal feito. No ano de 2021, o Corinthians teve um começo avassalador, conseguindo o primeiro lugar na classificação geral da primeira fase do Campeonato Brasileiro, com apenas uma derrota. Já na fase mata a mata, foram 6 vitórias em 6 partidas, conseguindo assim o bicampeonato consecutivo e o tricampeonato do clube na história do torneio. O clube também conquistou a terceira Libertadores e o terceiro estadual, obtendo assim a inédita tríplice coroa.
Em 2022, a equipe conquistou o inédito título da Supercopa do Brasil e foi eleito como o 7° melhor clube do mundo em 2021 pela IFFHS ( Federação Internacional de História e Estatística do Futebol). Além do troféu, o Corinthians faturou R$ 1 milhão enquanto o Inter R$ 500 mil.
Campeã, Gabi Zanotti pede premiação menos desigual em relação ao futebol masculino
Conquista à parte, a experiente Gabi Zanotti, 37 anos, um dos destaques do Corinthians, fez questão de apontar a diferença na premiação entre o futebol masculino e o feminino. O Brasileiro masculino paga R$ 33 milhões ao campeão, enquanto o vencedor da edição feminina levaria R$ 290 mil. Porém, a pressão sobre a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) fez a entidade subir o prêmio para R$ 1 milhão. E já há a promessa de números maiores nos próximos anos.
“Em um momento em que falamos tanto de igualdade, nada mais justo do que a gente buscar valores que vão fazer a diferença na vida de muita gente”, afirmou a camisa 10. “Quando eu falo em igualdade de premiação, não cobro que seja o mesmo valor do masculino, mas um valor que seja respeitoso com a modalidade. Entendemos que [nos jogos dos homens] têm muito mais bilheteria, vendem muito mais produtos no futebol masculino. Estou falando só de respeito com a modalidade.”
Quem faz parte desse timão?
A estagi não esqueceu do quarto gol, não, Fiel! E olha que esse vídeo foi o melhor de todos na Câmera @NeoenergiaBR! Pega a fita… Salve o @SCCPFutFeminino! #EnergiaDaFinal #EnergiaDaFiel pic.twitter.com/OF9tGZKUvT
— Brasileirão Feminino Neoenergia (@BRFeminino) September 24, 2022
Goleiras: Kemelli, Lelê, Natasha, Paty e Tainá
Laterais-esquerda: Juliete, Tamires e Yasmim
Laterais-direita: Katiuscia e Paulinha
Zagueiras: Andressa, Erika, Giovanna e Tarciane
Volantes: Diany e Luana
Meias: Ellen Cristine, Gabi Moraes, Gabi Zanotti, Grazi, Liana Salazar, Mariza e Victória.
Atacantes: Adriana, Bianca Gomes, Gabi Portilho, Jaqueline, Jheniffer, Miriã e Milena
Que esse time possa servir de inspiração para a próxima temporada 2023!