Sem papas na língua desde os tempos de grande piloto que foi, o tricampeão de Fórmula 1 Nelson Piquet não mediu muito as palavras para falar do nível de conhecimento do narrador Galvão Bueno sobre automobilismo, segundo sua visão: “Não entende porra nenhuma”, disparou em entrevista via live no Instagram à repórter global Mariana Becker.
A fala crítica sobre a principal voz da Fórmula 1 e de todo o esporte da Globo veio quando Piquet relembrava uma ultrapassagem marcante sobre o rival e compatriota Ayrton Senna no GP da Hungria de 1986.
O ex-piloto disse que o narrador equivocadamente atribuiu a manobra a uma vantagem de motor do carro dele.
“Eu tava liderando a corrida, fizemos um pit stop muito lento e aí o Senna foi liderar a corrida. Como o Galvão falava, e ele não entende porra nenhuma de automobilismo, ele falava que eu tinha um motor mais forte, mas naquela época existia uma técnica como consegue ultrapassar um carro na sua frente”, começou a contar a história, para depois detalhar a estratégia.
“Você tem que entrar na reta uns 30 metros atrás, entra no vácuo do cara, acelera atrás do carro e quando vai bater no carro da frente, você você sai e aí tem essa diferença de velocidade e você passa o carro. Não é que você tenha mais motor. O Galvão (dizia) ‘olha, tem muito mais motor, vai passar’. Não é nada disso. Em todas as ultrapassagens, você entra no vácuo, cria velocidade, sai do vácuo e passa”, explicou.
Com a faca entre os dentes contra Senna
Ao contar em, detalhes toda a disputa com Senna, Piquet deixou claro que não havia gentileza no confronto, a ponto de falar que pensou em jogar Senna para fora da pista.
“O que aconteceu… Depois do pit stop, fiquei para trás, e fui chegando nele, meu carro era mais controlado – na época, tava com a suspensão ativa – e aí cheguei atrás dele, fui para sair pela direita, e ele me espremeu na parte suja da pista. O meu pneu ficou muito sujo, eu escorreguei e ele deu o troco e passou. Mas eu já havia determinado que ia passar do mesmo jeito e que se ele me espremesse eu ia jogar ele na arquibancada. Tava já com o estopim acesso. E quando eu vim, ele saiu para a direita, aí passei pela parte limpa, deu para frear lá dentro, controlar e fazer a corrida normal e vencer a prova. Mas se ele chegasse de novo (para fechar), eu ia jogar ele lá na arquibancada”, reforçou.
Outros temas da entrevista:
Ídolos nas pistas
“Na Fórmula 1, meu ídolo sempre foi o cara que fez o carro, que no caso era o Jack Brabham. Ele era o meu Deus. Mas não chegamos a ser amigos, conversei pouco com ele. Entre os pilotos, logo no início eu gostava do (Gilles) Villeneuve. Ele vinha e andava de lado. Acho que ele não foi campeão porque morreu de acidente. Mas a gente admirava ver ele guiando.”
Rivalidade com Nigel Mansell
“Fiz de tudo para ele bater em mim, falei cada barbaridade. Eu falava: ‘Como ele consegue viver com uma mulher tão feia’. Coisas assim, de baixo nível. (Mansell era) burro pra caralho e idiota. Ele gostava de se fazer de vítima. Eu sacaneava ele de tudo que é jeito. Eu devo ser o calo inflamado no pé dele.”
Comparação da F1 do seu tempo a atual, que não gosta
“Não é que não pensávamos nas consequências, mas a gente tem que fazer as coisas bem feitas. Corri muito de kart, sei que se emparelhar no cara, dar roda com roda, você dá e não tem problema . Em 1987 eu passei o Mansell em Monza, ele chegou do meu lado e eu ameacei dar nele. Ele tirou. Ou não me viu. Hoje com esse negócio de recolher a asa e andar 15 quilômetros mais rápido na reta, acho que perdeu um pouco da graça. Acho ridículo isso de arriar a asa e passar de passagem. Cadê a habilidade de entrar no vácuo? A graça de tudo era essa, de você programar, olhar, entrar na reta na hora certa atrás do cara. Hoje não tem mais isso.”
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